Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
“Eco fiel da mensagem evangélica, as aparições de Nossa Senhora em Lourdes fazem sobressair de maneira surpreendente o contraste que opõe os julgamentos de Deus à vã sabedoria deste mundo.
“Numa sociedade que absolutamente não tem consciência dos males que a corroem, que vela suas misérias e injustiças sob aparências prósperas, brilhantes e despreocupadas, a Virgem Imaculada, em Quem jamais roçou o pecado, se manifesta a uma criança inocente.
“Com compaixão maternal, percorre com o olhar este mundo resgatado pelo Sangue de seu Filho, onde desgraçadamente o pecado faz cada dia tantas devastações; e por três vezes lança Ela o urgente apelo: ‘Penitência, penitência, penitência!’.
“Gestos expressivos são mesmo solicitados: ‘Vá beijar a terra, em penitência pelos pecadores’.
“E ao gesto é preciso acrescentar a súplica: ‘Rezarás a Deus pelos pecadores’.
“Assim, tal como no tempo de João Batista, tal como no princípio do ministério de Jesus, a mesma injunção, forte e rigorosa, dita aos homens a via do retorno a Deus: ‘Arrependei-vos!’ (Mt 3, 2; 4, 17).
“E quem ousaria dizer que este apelo à conversão do coração perdeu nos dias de hoje sua atualidade?
“Mas como poderia a Mãe de Deus vir até seus filhos, senão como mensageira de perdão e de esperança?
“Já a água jorra a seus pés: ‘Omnes sitientes, venite ad aquas, et haurietis salutem a Domino’ (Oficio da Festa das Aparições, 1º Respons. do III Not.).
“A esta fonte, onde a dócil Bernadette foi a primeira a ir beber e lavar-se, afluirão todas as misérias da alma e do corpo.
‘Fui até lá, lavei-me e vi’ (Jo 9, 11) – poderá responder com o cego do Evangelho o peregrino reconhecido.
“Mas, tal como para as multidões que se comprimiam ao redor de Jesus, a cura das chagas físicas aí constitui, ao mesmo tempo que um gesto de misericórdia, o sinal do poder que o Filho do Homem tem, de perdoar os pecados (cfr. Mc 2, 10).
“Junto da gruta bendita, a Virgem nos convida, em nome de seu Divino Filho, à conversão do coração e à esperança do perdão. Escutá-la-emos nós?”.
(Trecho da Encíclica Le Pèlerinage de Lourdes, de Pio XII, em 2-7-1957)
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