O Papa Bento XIV quando Cardeal definiu os 7 critérios para caracterizar o milagre. Pierre Subleyras (1699 – 1749), Metropolitan Museum of Art |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A Igreja não afirma a ocorrência de um milagre em Lourdes apenas por um sentimento ou crença, explicou “Aleteia”.
Previamente Ela submete cada cura apresentada como milagre a uma sequência criteriosa de revisões científicas.
Essas incluem duas instâncias – nacional e internacional – de especialistas ou comissões médicas – sem ligar para a religião – para vasculhar cada alegação de cura inexplicável.
A cura não será declarada canonicamente milagrosa se não tiver passado por estas instâncias num processo que demora alguns anos.
É a tarefa da Comissão Médica Internacional de Lourdes, geralmente chamado “Bureau” que aplica a metodologia usada na investigação científica mais moderna.
Seus membros costumam citar o princípio do professor de hematologia e diretor do Instituto de Leucemia da Universidade de Paris Jean Bernard: “Quem não é científico não é ético”.
Não se trata de cair no cientificismo ou no positivismo por si mesmos, e sim de buscar a verdade com a clara consciência daquilo que a encíclica Fides et Ratio sintetizou:
“A fé e a razão são como as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva à contemplação da verdade”.
O cardeal Prospero Lambertini, posteriormente papa Bento XIV (pontífice de 17 de agosto de 1740 até a morte em 3 de maio de 1758), definiu as características do milagre do ponto de vista médico-científico na “De servorum beatificatione et beatorum canonizatione” (“A beatificação dos servos de Deus e a canonização dos beatos”), livro IV, capítulo VIII, 2-1734.
Nessa obra maestra para as beatificações e canonizações nos bons tempos, ele estabeleceu 7 critérios para reconhecer se uma cura é extraordinária ou inexplicável:
1. A doença deve ter características de gravidade, com prognóstico negativo.
2. O diagnóstico real da doença deve ser certo e preciso.3. A doença deve ser apenas orgânica.
4. Eventual tratamento não pode ter favorecido o processo de cura.
5. A cura deve ser repentina, inesperada e instantânea.
6. A retomada da normalidade deve ser completa (e sem convalescência).
7. A cura deve ser duradoura (sem recaída).
Os 7 critérios do Cardeal Lambertini são válidos até hoje e esclarecem o perfil específico da cura inexplicável.
Eles garantem que toda objeção ou contestação seja levada em ampla consideração antes de se atestar que uma determinada cura foi “não explicável cientificamente”.
Mas o milagre só pode ser proclamado em ato oficial pelo bispo diocesano do miraculado.
Em Lourdes, de 7.200 curas que a ciência declarou inexplicáveis, só 70 foram proclamadas canonicamente como milagres de origem sobrenatural.
O caso mais recente caso é o da irmã Bernadette Moriau, uma religiosa francesa que atualmente tem 79 anos de idade.
Ela não conseguia andar sem ajuda. Peregrinou ao santuário mariano em 2008 e, pouco tempo depois, viu-se perfeitamente recuperada enquanto fazia adoração ao Santíssimo Sacramento.
Cfr: Mais um milagre de Lourdes proclamado oficialmente. É o nº 70
O 69º milagre reconhecido em Lourdes: Danila Castelli |
Após 8 anos de avaliações e estudos, os médicos e cientistas reconheceram, em novembro de 2016, que a sua cura é cientificamente inexplicável.
A responsabilidade pelo caso passou então para a Igreja. E a confirmação do milagre foi tornada pública em 11 de fevereiro de 2018, festa de Nossa Senhora de Lourdes e Dia Mundial dos Enfermos.
O mais recente milagre anterior em Lourdes foi o de Danila Castelli. Ela foi curada em 1989.
Mas o anúncio formal da inexplicabilidade científica de sua cura só aconteceu em 2013; portanto, foram 24 anos de estudos e pesquisas, disponíveis para a contestação da comunidade científica.
Cfr: O 69º milagre reconhecido em Lourdes
O primeiro caso reconhecido em Lourdes foi a cura de Catherine Latapie, ocorrida poucos dias depois da primeira aparição de Nossa Senhora em Massabielle.
Cfr.: Curas milagrosas: depoimento do médico responsável de Lourdes (2)
Um caso de impressionar
Soror Luigina Traverso |
Ela foi curada repentinamente de uma lombociática incapacitante de meningocele no dia 23 de julho de 1965, após anos de tratamento médico e várias cirurgias que não tinham dado resultado.
Em 20 de julho de 1965, a irmã viajou até Lourdes em estado grave – aliás, os médicos tinham recomendado que ela não fizesse a peregrinação porque a viagem representava alto risco de morte.
Em 23 de julho, na passagem do Santíssimo Sacramento durante a celebração eucarística, a irmã Luigina relata ter experimentado uma súbita sensação de forte calor e bem-estar, acompanhada pelo “desejo de ficar em pé” – o que era impossível para ela havia meses. De repente, ela recuperou o movimento dos pés e deixou de sentir dor.
Em 24 de julho, acompanhada pela madre superiora, a religiosa caminhou sem ajuda alguma até a gruta de Lourdes para agradecer a Nossa Senhora.
No mesmo dia, participou da via-crúcis dos peregrinos e subiu rezando até a quarta estação – a subida é íngreme. Ao longo dos dias seguintes, a irmã Luigina já estava ajudando a cuidar dos doentes que peregrinavam ao santuário.
Demorou até 2012 para que o milagre fosse reconhecido, cumpridas todas as rígidas etapas de estudos médicos e científicos e, por último, de análise por parte da Igreja.
Cfr.: O milagre de Soror Luigina Traverso
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