quarta-feira, 30 de agosto de 2023

O último suspiro de Santa Bernadette

Santa Bernadette: corpo incorruto em Nevers
Santa Bernadette: corpo incorruto em Nevers
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A noite de 15 a 16 de abril de 1879 foi a última de Santa Bernadette neste vale de lágrimas. Ela tinha 35 anos de idade.

Por volta das 11 horas da manhã ela quis se levantar. As religiosas a colocaram sobre uma poltrona.

Nessa hora ela ouviu o sino chamando as freiras para o almoço e pediu-lhes perdão por fazê-las atrasar.

Ela olhava sempre para um crucifixo fixado na parede.

Entre meio-dia e uma hora ela tentou comer alguma coisa, mas não conseguiu.

“Seu estado de extrema debilidade me impressionou... Eu achei que era meu dever alertar a enfermeira e chamar a comunidade” – disse a Madre Josefina Forestier.

O Pe. Febre veio logo, confessou-a de novo e recitou com ela a Oração dos Agonizantes. Ela respondia “com uma voz débil, mas clara”.

O sacerdote lembrou-lhe as palavras bíblicas do “esposo divino”:

— “Cola-me como um selo sobre teu coração” (Cântico 8,6).

Tomando o crucifixo ela o colocou sobre o coração, apertando-o com força. Como ela queria que o mesmo ficasse sempre nesse local, amarraram-no com uma fita para evitar que caísse devido aos movimentos involuntários causados pela dor.

Por volta de duas horas e quinze, uma das religiosas lhe perguntou:

— Minha irmã, vós sofreis muito?

— Tudo isso é bom para o Céu – respondeu Bernadette.

Enfermaria do convento onde faleceu Santa Bernadette
Enfermaria do convento onde faleceu Santa Bernadette
— Vou pedir a Nossa Mãe Imaculada que vos conceda consolações – disse a religiosa.

— Não, respondeu a agonizante, consolações não, mas força e paciência.

Naquele momento, Santa Bernadette lembrou-se da bênção que o Beato Papa Pio IX lhe tinha concedido para a hora da morte. Ela queria ter o papel nas mãos para recebê-la efetivamente.

Foi-lhe lembrado que isso não era necessário, bastando apenas a intenção de recebê-la pronunciando o nome de Jesus.

Nesse momento ela tentou se levantar um pouco, e apoiando a mão direita sobre o braço da cadeira, elevou o olhar para o céu e levou a mão esquerda à testa.

Seus olhos tinham uma expressão comovedora e ficaram voltados durante alguns instantes para um ponto fixo. As feições de seu rosto transmitiam calma, serenidade e, ao mesmo tempo, uma gravidade melancólica.

Poltrona sobre a qual expirou a Santa
Poltrona sobre a qual expirou a Santa
Então, com um tom de voz indefinível, manifestando mais surpresa que dor, e com uma expressão crescente, ela soltou uma tríplice exclamação:

— Oh! Oh! Oh!

E um frêmito percorreu todo seu corpo.

Faltando 5 minutos para as 15 horas, o sino tocou para as ladainhas que a comunidade recita todos os dias na capela.

Santa Bernadette disse que queria descansar um pouco. O confessor e as religiosas se retiraram.

Uma acompanhante disse:

— A Santa Virgem vai descer ao vosso encontro.

— Ah sim! Eu espero.

Por volta das 15 horas, ela pegou seu crucifixo, contemplou-o por um instante com amor, e depois beijou lentamente, uma por uma, as chagas de Cristo.

Bernadette uniu-se de novo às orações das religiosas que estavam em volta dela. Em certo momento ela repetiu duas vezes:

— Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por mim, pobre pecadora.

Alguns instantes depois, ela pediu para beber água. 

Com um gesto expressivo, fez um grande sinal da Cruz, pegou a garrafinha com uma bebida fortificante que lhe foi oferecida, engoliu duas vezes algumas gotas, e inclinando a cabeça entregou suavemente sua alma.


Sóror Gabriela, a enfermeira, entrou nesse instante.

— Eu cheguei exatamente na hora para receber seu último suspiro, que ela exalou muito suavemente, apoiada em meu braço. Ela segurou o crucifixo com a mão, apertando-o sobre seu coração. E inclinando-se para a direita, fechou os olhos.


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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Lourdes, o dogma e os milagres em breve síntese

Nossa Senhora manda a Santa Bernadette cavocar a terra e procurar água. Vitral da basílica de Lourdes.
Nossa Senhora manda a Santa Bernadette cavocar a terra e procurar água.
Vitral da basílica de Lourdes.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Em 1854 Pio IX definiu o dogma da Imaculada Conceição, o qual teve um alcance tremendo.

Primeiro, foi uma afirmação da monarquia papal, numa época em que todas as monarquias começavam a se desagregar.

Por quê? Porque o Papa não reuniu um Concílio para promulgar esse dogma; ele consultou os Bispos e depois promulgou o dogma em nome próprio, e não em nome dos bispos.

Segundo, definir Nossa Senhora como concebida sem pecado original era afirmar uma prodigiosa superioridade d’Ela sobre todos os homens, e, portanto, tomar uma posição muito anti-igualitária.

Terceiro, foi um dogma que enfureceu ainda mais os protestantes em relação à Igreja.

Os protestantes quase todos negam o culto a Nossa Senhora. Vendo a Igreja requintar esse culto, sua revolta tornou-se maior e evidentemente mais inexplicável.

Quarto, foi um tremendo esmagamento do demônio, pois para ele foi uma humilhação tremenda ver definida como dogma a superioridade de Nossa Senhora como Rainha concebida imaculada sem sombra de pecado.

Em 1858 houve uma das maiores intervenções da Providência na História: Santa Bernadete Soubirous recebeu as revelações de Lourdes e começaram as curas no local.

Primeiro: Nossa Senhora apareceu a Santa Bernadete dizendo que Ela era a Imaculada Conceição. Portanto, confirmação estrondosa do dogma.

Segundo: começam os milagres que confirmam a aparição e o dogma.

Terceiro: o século XIX foi talvez o apogeu do ateísmo na Europa Ocidental. Os milagres tiraram a face do ateísmo: “aqui está tal cura, agora se explique”. Tampou a boca dos ateus, dos protestantes e dos negadores do sobrenatural.



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quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Nossa Senhora não estará batendo
nas portas de minha alma?

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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sócio do IPCO,
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Quantas vezes Nossa Senhora bateu nas portas de minha alma?

Provavelmente não foi num momento só, mas foi numa série de ocasiões.

Também provavelmente não foi apenas num momento definido, mas em momentos indefinidos, em que eu não estava prestando bem atenção, ou não estava esperando, etc.

Mas Nossa Senhora convidou minha alma a aceitar a graça, como a mãe que puxa a criancinha que não entende bem; várias vezes, muitas vezes, até que eu me dei conta de que a Igreja Católica era divina.

Mas, percebendo-a divina, amei-a muitíssimo!

E nesse momento eu compreendi implicitamente a invencibilidade dela.

E, no implícito do implícito, Ela patenteou que não poderia ser destruída, nem podia perder essa batalha colossal que fazem hoje contra Ela.

Daí Nossa Senhora comunica a certeza de que terá de vir uma vitória tão grande da Igreja, maior do que é atualmente a desgraça.

Essa mensagem palpita em Lourdes: Nossa Senhora, Mãe da Igreja, vencerá. Vencerá o caos que a gente sente em volta e talvez até dentro.


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