sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Santa Teresinha (3): o Santo Sudário foi seu modelo

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CONCLUSÕES: A infância meditativa

Ela tinha o costume de subir a uma parte mais alta da casa, para ver as estrelas à noite, etc. E a “História de uma alma” ‒ que equivale a suas Memórias” ‒ fala das infinitudes que havia no pensamento dela.

Santa Teresinha tinha em si toda a doutrina contra-revolucionária, mas não tinha a missão de explicitá-la. Ela tinha a missão de morrer pelos contra-revolucionários, de viver, de traçar a Pequena Via que torna a Contra-Revolução acessível ao grosso dos que a seguem. Mas havia todo um firmamento de idéias nela, o qual já desde essa idade se prenuncia.

Era uma criança altamente meditativa. No fim da vida, quando estava madura para o Céu, e portanto quando tinha atingido a santidade a que a havia destinado o desígnio da Providência, ela contava que quando tinha por volta dos dez anos ‒ quer dizer, um pouquinho mais velha do que está aqui ‒ ia com a irmã a um belvedere lá dos Buissonnets, e tinham conversas em que ela recebia tantas ou mais graças do que as que receberam Santo Agostinho e Santa Mônica no famoso colóquio da hospedaria de Óstia, pouco antes de Santa Mônica morrer. Portanto, quando a santidade de Santa Mônica estava consumada, e ela estava para ir para o Céu.

No fundo, nota-se isso no olhar dela. Não se pode descrever um olhar.

Se se perguntasse a São Pedro o que lhe disse o olhar de Nosso Senhor, o que poderia ele responder? Responderia: “Ele disse algo por onde eu chorei a vida inteira. As lágrimas mais amargas e mais doces que jamais se choraram, depois das de Nossa Senhora, chorei-as eu”.

E não teria outra coisa para dizer, pois o olhar é algo de inefável. Ou se vê aqui esse olhar e se sente, ou não se o vê, e não posso fazer nada.

A um só olhar estava reservado algo que é supra-excelente: ver, olhar com as pálpebras descidas. Este é o olhar do Santo Sudário. Ali Nosso Senhor está com as pálpebras descidas, mas Ele olha. E que olhar! Nós só não choramos porque não somos São Pedro.

A principal etapa da vida

Santa Teresinha morreu aos 24 anos. A sua infância marcou tão profundamente os rumos de sua vida, que é a mais ilustrativa para se conhecer o seu espírito.

Tenho impressão de que na vida de Santa Teresinha os pontos culminantes são a sua infância e o fim, às vésperas da morte.

Quando ela escreveu sob obediência seus “Manuscritos Autobiográficos”, não falou quase nada de sua vida no convento. Só mais tarde, para atender sua Priora, é que falou de sua vida de freira.

A infância, para ela, foi tudo. Por quê? Porque foi uma infância profundamente consciente, meditada e raciocinada.

Aqui está um elemento precioso para o conceito de infância espiritual.

Não é bobeira, não é tolice, muito menos irreflexão.

É, de dentro de uma alma pequena, de uma alma de criança, ser capaz das maiores coisas; com uma apresentação amável, afável e autêntica, não a pura apresentação do espírito de uma criança.

Aqui, a meu ver, está a nota: Santa Teresinha poderia repetir que as nossas cogitações e as nossas vias não são as dela.

Mas não é o que ela nos diria. A sua missão é a de, pela sua presença, e como num “flash”, apresentar a via dela e atrair, arrastar para a sua via. E isso com o afável, com o pequeno, o acessível, o encantador que a infância tem.

Mas que infância meditativa! Que infância fecunda! Uma infância que se pode comparar ao fim da vida de Santa Mônica! É uma santa falando de si mesma.

Aí se vêem os tesouros de maturidade, de meditação, de profundidade, e, se necessário for, de atividade, que cabem dentro da verdadeira infância espiritual.

Foi ela quem disse: “Para o amor nada é impossível”. Em nossa linguagem isso se traduz: “Para o enlevo, para o zelo do verdadeiro católico, nada é impossível”.

Aqui está Santa Teresinha do Menino Jesus, com todo o tesouro de meditação que tinha, e que pode existir numa alma de criança, como a que ela conservou até o summum de sua maturidade. É preciso ver bem: viveu a infância fiel a si mesma, sendo ela mesma até o apogeu de sua maturidade. É uma coisa magnífica.

(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, conferência proferida em maio de 1968)

Santa Teresinha do Menino Jesus: datas da vida (3/3)




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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Santa Teresinha (2): o Santo Sudário foi seu modelo

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5ª) O sorriso

Numa parte mais delicada da análise, percebemos que a boca é reta, com os lábios finos e muito firmes. É uma firmeza na qual não existe uma gota de amargura.

Pelo contrário, há um certo sorriso indefinível. Falam tanto do sorriso da Gioconda, mas isto é que é sorriso! Ela não está nem um pouco sorridente, mas há um sorriso indefinível nos lábios dela. Há qualquer coisa nela que sorri, sem que se possa propriamente dizer que ela está sorrindo.

Tem-se a impressão de que o fotógrafo disse a ela para sorrir, e ela, para não desatender a ele, esboçou qualquer coisa vagamente à maneira de sorriso.

Há algo de sorriso espalhado no rosto dela: está um pouco nos olhos, um pouco nos lábios, está numa afabilidade geral da pessoa. Ela está numa posição muito afável e muito acolhedora, numa posição de muito boa vontade em relação a todo mundo.

No entanto, é uma atitude risonha que indica ao mesmo tempo força de alma e caráter, no sentido próprio da palavra.

É o contrário dessas imagens sulpicianas de Santa Teresinha que se encontram por aí: derramando rosas, e sorrindo não se sabe de que jeito. Não têm nada deste sorriso.

Aquele é um sorriso de boneca de louça, mas esta aqui não tem nada da boneca de louça.

É um sorriso por detrás do qual há um pensamento. E é o lado pensamento que propriamente se deve atingir.

6ª) O nariz, a boca e a testa

O nariz tem uma forma um pouco proeminente, tem um pouco de combate, um pouco de luta.

Os lábios, apesar do sorriso, são finos e firmes, de quem tem verdadeiro caráter.

Analisando-se a testa, vê-se que é ligeiramente bombeada e, aliás, muito alta. A pessoa que a penteou, até puxou o cabelo para baixo, para disfarçar isso. Vê-se que ela tinha até muito cabelo.

Eu vi no museu de Lisieux a trança dela, uma trança loura magnífica, de cabelos abundantes. Mas a nascente era um pouco alta.

7ª) Os olhos

Considerando agora os olhos, observa-se que é sobretudo neles que reside aquele sorriso.

Notem que a expressão de fisionomia, a expressão do olhar, tem um pouco do que o francês chama de espiègle ‒ um pouco de esperteza, um pouco de graça ‒ na expressão do olhar.

Concentrando-se a atenção nos olhos, acaba-se percebendo que há nesse olhar todo um firmamento, um mundo de reflexão, de início de reflexão.

8ª) A contemplação

Para quem é que esse olhar está mirando?

Ele não olha para nada definidamente. Mira um ponto vago, indefinido, mas com uma espécie de enlevo, de consideração, de contemplação enlevada, afetuosa, respeitosa.

Em última análise, é o próprio de um espírito possantemente contemplativo. Na sua aurora, na sua primavera, é verdade, mas possantemente contemplativo, meditativo, interior, próprio a olhar as coisas do espírito, a olhar as coisas metafísicas, a olhar horizontes mentais mais ou menos infinitos.

É um olhar que paira no infinito, numa esfera completamente diferente daquela onde paira comumente o pensamento dos homens.

Santo Agostinho disse de si, nas “Confissões”, a respeito da sua infância: “Tão pequeno menino eu era, já tão grande pecador”.

Dela se poderia dizer: “Tão pequena menina era, e já uma tão grande santa”. Porque o seu olhar tem qualquer coisa que me custa exprimir adequadamente, mas que é aquela impostação da alma em coisas que são inteiramente superiores. Não indiferentes, nem hostis, nem alheias, mas superiores ao concreto, ao contingente, ao transitório, ao passageiro, ao individual.

Não é uma pessoa preocupada consigo. Ela aqui não se importa com o efeito que vai causar no fotógrafo; está de pé, do modo como ela é.

Disseram a ela que fosse posar para uma fotografia, e ela foi, obediente como os meninos do Evangelho, que Nosso Senhor acariciou, e aos quais é reservado o Reino dos Céus (Mat. XVIII, 3).

Não é uma menina filósofa, nem um pouco. Seria uma caricatura. Ela não é vesga, está numa pose e prestou atenção na máquina fotográfica, mas é como numa parte do rés-do-chão da alma dela.

Por cima desse rés-do-chão, que funciona perfeitamente bem, há toda uma outra construção.

Nessa idade, ela poderia dizer a nós aquilo que Nosso Senhor disse, pela boca do profeta Isaías, e que é uma das frases mais tristes, uma das suas queixas mais bonitas, onde a divina superioridade dEle se afirmou do modo mais magnífico: “As minhas cogitações não são as vossas cogitações, nem as vossas vias são as minhas vias” (Is. LV, 8).

É magnífica essa ligação das idéias de cogitação e via: a cogitação do homem como que dirigindo a sua via, e sendo prenúncio de todas as harmonias da via. E a elevação das cogitações dEle!

Pensem um pouco no Santo Sudário. Que cogitações! Aquilo é cogitar! Que vias! Aquela face do Santo Sudário não poderia dizer para nós as mesmas palavras de Isaías? Poderia, perfeitamente.

Santa Teresinha aqui também poderia nos dizer ‒ Christianus alter Christus ‒ que “as minhas cogitações não são as vossas cogitações, nem as vossas vias são as minhas vias”.

Caberia que ela o dissesse. Por quê? Porque ela está numa impostação de alma supinamente meditativa, pouco comum.

Ela aqui é toda sacral (“sacral” é aqui empregada no sentido do sagrado posto na ordem temporal ou profana). Não é a meditação de uma filósofa ou de uma teóloga, mas de uma santa.

É a oração ‒ que propriamente é o convívio da alma com Deus ‒ que está posta aí.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Perto da festa de Santa Teresinha: impressões de um rosto inocente

A personalidade de Santa Teresinha numa fotografia

A esta magnífica fotografia de Santa Teresinha do Menino Jesus falta apenas o relevo, para se dizer que ela está viva.

Para comentar essa alma, procurarei explicitar as a impressões que esta fotografia produz.

Primeira impressão

A primeira impressão, ao olhar para ela, é a seguinte:

Que menina! A primeira explicitação, o primeiro jorro, deve ser assim.

Ela é ainda menininha, cheia de vida, de frescor, saltitante, e com essa espécie de extroversão própria de uma menina ainda na infância.

Aí se vê a beleza de uma alma de criança, na delicadeza, na fragilidade, na louçania da natureza feminina. Como essa fotografia é bem apanhada, e como pegou bem essa menina!

2ª) Idéia de pureza

Por detrás dessa impressão entra uma outra, pela qual a pessoa sente uma idéia de pureza. E sente-a mais ou menos em tudo.

A pureza vem presente, antes de tudo, no seguinte: nota-se nela, no sentido verdadeiro da palavra, uma boa espontaneidade.

É uma menina que não esconde nada, que não tem o hábito de esconder nada, e que sabe perfeitamente que não tem o que esconder. Ela não tem fraude nem dissimulação.

Dela se pode dizer o que Nosso Senhor disse de Natanael: “Aqui está um verdadeiro israelita, no qual não há fraude” (Jo. 1, 47)

Aqui está uma verdadeira menina, pura, filha de uma família católica, que tem em si toda a pureza, toda a candura de uma vida de família católica, toda aquela delicadeza virginal que a vida de família católica comunica especialmente a uma menina. E isso sem fraude nenhuma. Ela tem isso inteira, e não tem o hábito de pecar.

3ª) Inocência batismal

Olha-se para ela, e ela está inteira. Ela vai falar, vai andar, mas com uma naturalidade, com um elã, com uma espontaneidade que tem muito da leveza e graça francesa, mas sobretudo muito da inocência batismal nunca rompida.

Essa alma não foi desfigurada por nenhum pecado. Ela tem uma forma de pureza que não é só o recato.

Não situo isso no seguinte comentário aguado: “É verdade: os bracinhos dela estão cobertos, e a saia desce até abaixo dos joelhos”. Refiro-me a uma pureza do olhar.

Essa pureza do olhar, essa pureza da alma, não é apenas a pureza da castidade, é a pureza de quem nunca pecou.

É o estado de inocência batismal com todo o seu perfume, com uma forma de candura que é mais ou menos como a vida no corpo. A vida no corpo não é localizável: está aqui e está lá, está em tudo, no corpo vivo. Aqui também a inocência batismal está em tudo, está por toda parte.

Aqui também se poderia aplicar uma palavra francesa que não sei como traduzir: o estado de graça jamais flétri em uma alma.

4ª) Ordenação refletida

É uma menina tão viva, mas não é nem um pouco estouvada, irrefletida.

Se ela começasse a brincar com a corda de pular, não pularia de modo ridículo, apalhaçado, irrefletido. Ela de repente sairia correndo, mas não, por exemplo, de um modo bobo.

Todo mundo percebe que essa espontaneidade que há nela é presidida por uma certa regra, por onde ela nunca faz aquilo que não deve. E que, portanto, dentro do seu espírito há toda uma ordenação, todo um pensamento, toda uma reflexão.

Naturalmente, reflexão de criança, pensamento de criança, ordenação de criança; instintiva e subconsciente, mas real, por onde tudo o que fizesse seria de criança e de verdadeira criança, nem um pouco uma sabiazinha, uma mulherzinha metida e filosofinha. É o contrário disso.

Ela é inteiramente natural, mas sumamente ordenada, possui em si uma grande ordem interna.

Não se imagina essa menina fazendo qualquer desatino, compreende-se que ela não o faria. Através disso compreende-se a ordem que existe dentro dela.

Continua na próxima postagem

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Falso alarme de bomba em Lourdes patenteia o poder de Nossa Senhora sobre o mal

A polícia agiu celeremente
Por volta de 30.000 peregrinos foram evacuados de emergência no meio-dia de domingo, festa da Assunção, do Santuário de Lourdes, após um falso alarme de bomba.

Na data, o santuário estava particularmente concorrido pela importância da Assunção de Nossa Senhora e pelo fato de ser domingo, no meio das férias.

“O alarme foi recebido na delegacia e anunciava que quatro bombas iriam explodir às 15:00 hs (18:00 hs horário de Brasília) nos Santuários”, segundo o responsável do serviço de imprensa dos santuários, Pierre Adias.

Pierre Bidal, préfét (cargo análogo ao de governador) do departamento de Hauts Pyrénées, onde fica Lourdes, explicou que o telefonema foi feito desde uma cabine próxima do santuário por “um homem com forte pronúncia mediterrânea (do sul da França), que parecia bastante determinado”, informou o diário francês “Le Figaro”.

A polícia nada achou
“Creio que num santuário como Lourdes, com todo o simbolismo que está envolvido, é supremamente importante levar a sério a hipótese, sobre tudo pelo fato que este tipo de alarmes são extraordinariamente escassas”, explicou Bidal à imprensa.

Os peregrinos foram convidados a sair do Santuário com mensagens em seis línguas. A evacuação ocorreu em perfeita calma, e não foi registrado nenhum incidente nem feridos.

Aliás, um dos imponderáveis de Lourdes é a calma sobrenatural que se respira no local. Em outros locais marcados por falsas religiões ou pela imoralidade, como em Meca ou no Love Parade de Berlim, circunstâncias análogas geram pânicos irracionais com dezenas e até centenas de mortos.

Equipes especializadas da polícia e da gendarmaria vasculharam todos os cantos, mas não encontraram nenhum objeto suspeito.

Momentos de preocupação
O prefeito da cidade, Jean-Pierre Artiganave, elogiou “a dignidade e o respeito dos romeiros que aguardaram com tranqüilidade o fim das investigações e depois re-ingressaram calmamente no santuário”.

Durante a intervenção das equipes anti-explosivos, os fiéis “cantaram e rezaram sem nenhuma forma de debandada”, grande perigo nessas circunstâncias e, tal vez, objetivo final da ameaça.

Às 16:45 hs (21:45 hs de Brasília), após a investigação policial, o santuário foi reaberto e as devoções retomaram no mesmo dia e nos horários previstos.

Em 12 de agosto de 1983, uma explosão provocada por mão desconhecida, destruiu uma estátua do Via Crucis.

O Santuário ocupa 52 hectares e inclui 22 locais de devoção e dois hospitais para doentes.

Peregrinos aguardam para voltar ao Santuário
Em volta da Gruta das aparições há três basílicas: a da Imaculada Conceição (feita em 1871, é a que está no local mais elevado), a de Nossa Senhora do Rosário (de 1901, embaixo da anterior) e a de São Pio X (1958, subterrânea), além de várias capelas, como a cripta da basílica da Imaculada Conceição.

Nos locais das piscinas, onde os fiéis podem cumprir o pedido de Nossa Senhora de se lavar, todo ano tomam banho na água da Gruta por volta de 400.000 pessoas.

O total das velas acessas atinge as 750 toneladas.

Em 2009, Lourdes recebeu 6,3 milhões de peregrinos vindos do mundo inteiro.

O falso alarme evidencia quanto o espírito das trevas e seus asseclas sentem-se prejudicados com a devoção a Nossa Senhora de Lourdes.

E, ao mesmo tempo, patenteia a proteção de Nossa Senhora sobre o local de sua aparição e que conjura as insídias do mal.

Video: Lourdes: falso alarme de bomba (TF1, em francês)
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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Foi "castigo de Deus" como acha o povo de São Luiz de Paraitinga?


A histórica cidade de São Luiz de Paraitinga, 11 mil habitantes, foi destruída pelo poder das enchentes na passagem do ano. Para muitos moradores Deus decidiu punir a cidade porque na opinião deles tinha se transformado numa espécie de Sodoma e Gomorra.

Assim informa a “Folha de S.Paulo” de 17 de janeiro 2010, em matéria de seu enviado especial Rogério Pagnan.

Sem dúvida há explicações técnicas procedentes: altos índices pluviométricos, sistema de escoamento deficiente, construções irregulares.

Porém, para grande parte dos moradores, diz a “Folha”, há um único motivo para explicar o que aconteceu: um castigo de Deus.

De fato, uns e outros não entram em contradição: Deus nos seus desígnios superiores pode se valer de fatores naturais por Ele criados para executar sua vontade suprema.

“Assim como as cidades bíblicas perdidas no pecado ‒ continua o diário paulista ‒ e também destruídas por decisão divina, São Luiz do Paraitinga teria abandonado os ensinamentos de Deus e se perdido em festas mundanas.

“A queda da igreja matriz deixou, para eles, claro o recado. “Vai mais gente à Festa do Saci do que à Festa do Divino, que é a festa do padroeiro”, diz a cozinheira Bruna Aparecida da Silva, 23.

“É um castigo. Deus tá vendo tudo isso”, emenda a colega de profissão, Benedita Arlete.

O Saci Pereré é uma versão indígena do demônio, por vezes amenizada com elementos folclóricos. Certas vezes é representado mais consoante com o furor maléfico dos espíritos infernais. Outras vezes é apresentado como um espírito brincalhão ou gracioso comparável aos espíritos revoltados que a teologia chama de “demônios dos ares”. Isto é, anjos de perdição que na hora da revolta de Lucifer escolheram um meio termo não tendo sido imediatamente aprisionados no inferno, mas ficaram na terra fazendo judiações e pequenos males à espera de serem precipitados definitivamente no abismo de fogo no Dia do Juízo Final.

Uns e outros fazem parte das legiões infernais e servem a Lucifer na obra de perder as almas.

“A grande atração de Paraitinga é ‒ prossegue o jornal ‒, porém, seu Carnaval, que chega a reunir em suas apertadas ruas 60 mil pessoas por dia.

“Tem que fazer festa para Deus, não para o outro lado. Saci é do outro lado, da esquerda, não é não?”, explica o agricultor João Rangel dos Santos, 67, que perdeu um filho em soterramento na noite da enchente.

“Isso é para as pessoas acordarem e voltarem a pensar em Deus”, diz a dona de casa Rita de Cássia Cezar Ramalho, 45, vizinha da família dos Santos, no bairro Bom Retiro.

“Para a aposentada Olga Pires Fontes, 85, há também a ingratidão de parte dos moradores da cidade com seus padres ‒ assim como aconteceu com anjos enviados a Sodoma. “Aqui tem muita lágrima de padre. Isso contribui”, diz ela, também entre lágrimas. “Cada padre que vem aqui sai sentido com alguma coisa. Conheço uns oito que saíram chorando daqui feito criança”, afirmou ela.

O engenheiro Jairo Borriello, prefere a explicação técnica do desastre, porém reconhece que as “coincidências reforçam a versão religiosa. Uma delas é uma casa ter sido destruída pelas águas e apenas uma parede, a única com crucifixo pregado, ter resistido.”

“Que as imagens de santo estão sendo encontradas de pé, isso é fato, e ajuda a aumentar esse sentimento”, afirmou” segundo a “Folha”.

No Portal Plugados Net o internauta Leonardo Rios Duarte postou o comentário “A mão de Deus pesou sobre São Luiz do Paraitinga”

Nele diz que “o povo deve se concientizar é que Deus não está se agradando com as obras e feitos da maioria do povo luizense (São Luiz do Paraitinga - a cidade do carnaval, a cidade do saci perere...). Tenho parentes ali, homens de Deus, mas que hoje também pagam o preço e se encontram somente com a roupa do corpo desde o dia 01/01/2010.

“As pessoas estão esquecendo de Deus, o amor de muitos estão se esfriando e estão enraizados no mundo satisfazendo vontades da carne.. Favorecendo as vontades do inimigo... Não condeno festas ou curtições, mas para tudo há um limite.

“O último carnaval foi terrível, a cidade não comportava os habitantes, crianças e jovens a partir de 11 anos praticando orgias, fornicações, prostituição frente aos templos sagrados da cidade.. são pessoas católicas, crentes assembleianos e outras denominações que reconhecem o erro, e ainda estão presas ao pecado, são pessoas corruptíveis...

“O povo deve ter consciência que Deus não terá paciência “infinita” com o povo, uma vez que “inocentes estão pagando o preço dos pecadores”...

Por certo não faltarão vozes eclesiásticas pregando que Deus não castiga o pecado e que, em última análise não há pecado... Ou tal vez, nessa posição, só há “estruturas de pecado” que devem ser combatidas com revolução social enquanto isso a religião, a família, e a propriedade vão sendo impiedosamente demolidas...


Porém, a Igreja ensina que Deus pune os pecados dos homens. E os pecados coletivos com castigos coletivos. Porém o faz com misericórdia visando a conversão e o perdão dos pecadores.

Isto nos ensina o grande doutor da moral católica Santo Afonso Maria de Ligório no sermão por ele composto para ser pregado em tempos de grandes calamidades: “Alguns vêem os castigos e fingem não vê-los. Outros ainda, diz Santo Ambrósio, não querem ter medo do castigo se não vêem que já chegou. Irmão meu, quem sabe se esta é a última chamada que Deus te faz”.

Quando o pecador reconhece a sua culpa e glorifica a Justiça divina, atrai sobre si as doces e inefáveis torrentes de misericórdia de Nossa Senhora. Porém, quando se torna indiferente ao castigo, só atrai maiores e mais terríveis punições.

No mesmo sentido pronunciou-se ‒ sendo intensamente aplaudido pelos fiéis ‒ Mons. Philip M. Hannan, arcebispo emérito de Nova Orleans (EUA), por ocasião do furacão Katrina que destruiu a cidade:

“Atingimos um grau de imoralidade nunca visto, e o castigo foi o Katrina. Devemos contar à nossa posteridade como ele foi terrível, para que ela entenda que se tratou de um castigo, o qual deve melhorar nossa moralidade.

“Eu penso que nos corresponde pregar muito fortemente, sinceramente e diretamente que isto foi um castigo de Deus. Deus nos deu direitos e tudo o mais. Mas também nos deu deveres. Nós temos que prestar atenção neste castigo. [...] Para quem lê seriamente as Escrituras, não há como escapar disso. Todos os que eu conheço, sacerdotes e bispos, acreditam nisso também”.



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