quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Deus está me aguardando

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Deus às vezes demora.

E nós também demoramos para Deus!

Mas Ele insiste, insiste.

Lá vai uma alma que foi pecadora e em relação à qual Nossa Senhora tem – vamos empregar a linguagem humana – um como que ressentimento.

Mas se aquele homem pedir muito, Nossa Senhora tem pena e dá.

Então chegou a hora de fazer a mesma coisa com Deus.

Ainda que tenhamos que pedir muito, Ele no fim acaba atendendo pelos rogos de Maria.

Parece-me que este é um ponto indispensável para a gente entender a razão da oração.

Então há dois pontos essenciais:

Primeiro ponto: com as condições e dificuldades de hoje, uma pessoa casta, pura, fiel, é um milagre. E a solução se reduz em saber como conseguir esse milagre.

Segundo ponto, o milagre se consegue pedindo. Pedindo, pedindo, pedindo é que se consegue.

E milagre é um assunto especial de Lourdes.

Tem doentes que vão a Lourdes para se curar. Eles pedem muitas vezes.

E pedem, e pedem, e pedem, vão tomar o banho na piscina e não saram! 

Voltam em paz. De repente, durante a viagem da volta são curados. Às vezes é quando já estão em casa.

Às vezes, até os que não puderam ir por falta de dinheiro, dificuldade, qualquer coisa, mas pediram, pediram e pediram de longe, em outro continente, conseguiram o milagre!

Nossa Senhora quer que a gente continue a pedir até vir o milagre. Nós precisamos pedir esse milagre.

Pedir de que maneira? Pedir, sobretudo a Nossa Senhora.

Então, o primeiro ponto é o que acabamos de ver: pedir o milagre.

O segundo é: pedir a quem? Pedir, evidentemente, à Medianeira universal de todas as graças.

É pecado mortal de temeridade achar que todos os pedidos que vão a Deus não precisam passar por Nossa Senhora. Todos passam por Ela para chegar a Deus.

Se Ela pedir junto conosco, Deus concede.

Se Ela não pedir, Deus não concede.

Porque o homem em geral é tão ruim, tão detestável, que se compreende que Deus não atenda o que ele está pedindo.

Mas se pedirmos sempre por meio da Mãe de Deus, percebemos que Deus atende por causa da Mãe d’Ele.

E a Mãe d’Ele é Mãe nossa e, portanto, Deus atende sempre. Porque toda mãe acaba atendendo o pedido do filho, e o Filho atende tudo o que a Mãe pede.

Então, se formos muito devotos de Nossa Senhora de Lourdes, conseguimos tudo e conseguiremos o milagre. Ainda que demore!



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quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Santa Bernadete e o méritos do abandono

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Santa Bernadete Soubirous que recebeu as revelações de Lourdes era de uma família honrada, mas das mais modestas da pequena cidade de Lourdes.

Lourdes tem um bonito nome mas era ignorada de quase todo o mundo até na própria França, onde ela não era senão uma aldeota aos pés de um velho castelo.

Talvez por desígnio de Deus, nas muralhas daquele castelo se deu um dos primeiros confrontos com os mouros que tinham invadindo a França.

No fim, os mouros acabaram se convertendo e adotando Nossa Senhora da Penha como sua Senhora.

Pela impressão que deixam as fotografias que Santa Bernadete tirou antes de ser freira, ela era uma mocinha camponesa típica, com a expressão do olhar muito viva, com muita firmeza de ideias e de princípios na sua atitude.

Ela era uma pessoa quase iletrada e que não era capaz, portanto, de articular correntemente um princípio e o apresentar a quem quer que seja. 

 
Porém, ela tinha, por obra do Espírito Santo, o que têm tantas outras almas de condição modesta que não tiveram os meios para estudar.

Ela tinha um verdadeiro conhecimento de certos princípios e uma heroica atitude de amor ofensivo e defensivo em relação a esses princípios.

Muito cedo aflorou nela a vocação religiosa.

Essa vocação a conduziu a uma congregação religiosa que têm seu noviciado na cidade de Nevers, capital da zona chamada antigamente Nivernais.

Ela entrou nessa congregação onde, com intencionalidade das superioras, o trato dado a ela foi o seguinte:

Entenderam muito bem que se se conhecesse lá que Santa Bernadete era a moça das aparições, ela seria o objeto da veneração e do entusiasmo de todas as pessoas no convento.
E ela ao invés de ter dentro do convento a vida sacrificada e dura que deve ser própria a quem segue a vocação religiosa, ela teria uma vida de bonequinha.

Ela seria a bonequinha das outras freiras.

Então resolveram impedir todo acesso a ela.

Ao mesmo tempo aquela louçania e vigor que ela tinha antes de entrar para o convento foi perdendo no seu ímpeto em vista de numerosas doenças que sucessivamente a afligiram.

Ela, portanto, em vez de desabrochar foi mirrando, murchando, e no convento a tinham em conta de nada e de ninguém.

Ela quase não tinha contato com a família, é se tem a impressão que ela foi se sentido terrivelmente abandonada.

Santa Teresinha do Menino Jesus dizia que no convento onde ela estava, se não fosse por vontade de Deus, ela não ficaria um minuto. Porém, ali ela morreu, após passar toda a vida lá.

Assim também são os abandonos em que um religioso ou uma religiosa pode ficar.

Porque muitas vezes Deus pede às almas que Ele mais ama aceitar a sensação de abandono e oferecer o sofrimento que produz a sensação de abandono para os mais altos desígnios que Ele tem em vista.

Só na hora do Juízo a alma fica sabendo o valor desse oferecimento.

Como Santa Bernadette e Santa Teresinha, acabaram conhecendo e agora usufruem do gáudio eterno da vida bem-aventurada no Céu.


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sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Assunção de Nossa Senhora: uma piedosa reconstituição

Assunção de Nossa Senhora, Beato Angelico (1395 – 1455), Google Cultural Institute
Assunção de Nossa Senhora.
Beato Angelico (1395 – 1455), Google Cultural Institute
Luis Dufaur
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A festa da Assunção de Nossa Senhora foi constituída em dogma pelo papa Pio XII em 1 de novembro de 1950. A festa é comemorada no dia 15 de agosto também sob os títulos de Nossa Senhora da Glória ou de Nossa Senhora da Guia.

Esse dogma era ardentemente desejado pelas almas católicas do mundo inteiro, porque coloca Nossa Senhora completamente fora de paralelo com qualquer outra mera criatura.

Justifica-se assim o culto de hiperdulia que a Igreja lhe tributa. [“hiperdulia”: culto especial reservado à Virgem Maria, superior à “dulia”que se dedica aos santos e aos anjos].

Nossa Senhora passou por uma morte suavíssima que é qualificada com uma propriedade de linguagem muito bonita, como a “dormição de Nossa Senhora”.

“Dormição” indica que Ela teve uma morte tão suave, tão próxima da ressurreição que, apesar de ser uma verdadeira morte, entretanto mais parecia a um simples sono.

Nossa Senhora depois foi chamada à vida por Deus, ressuscitou como Nosso Senhor Jesus Cristo.

Subiu depois aos céus, na presença de todos os apóstolos ali reunidos, e de uma quantidade muito grande de fiéis.

Essa Assunção representa uma verdadeira glorificação aos olhos de toda a humanidade até o fim do mundo. É o proêmio da glorificação que Ela deveria receber no Céu.

É interessante fazermos uma recomposição de lugar para imaginarmos como a Assunção se passou. A respeito do fato não existem descrições e podemos imaginá-lo como nossa piedade gostaria.

Em baixo, os Apóstolos todos ajoelhados, rezando num ambiente com algo de inefavelmente nobre, sublime, recolhido, interior.

Podemos imaginar todos os Apóstolos com expressões de personagens de Fra Angélico.

Dormição de Nossa Senhora, Fra Angélico (1395 – 1455)
Dormição de Nossa Senhora, Fra Angélico (1395 – 1455)
O céu enchendo-se gradualmente de anjos, à imagem dos anjos de Fra Angélico também, tomando os coloridos os mais diversos, com matizações e irradiações magnificas, um espetáculo absolutamente incomparável.

Se Nossa Senhora pôde dar ao céu um colorido tão diverso e produzir fenômenos tão excepcionais em Fátima, por que o mesmo não se teria dado por ocasião de Sua Assunção ao Céu?

Ela se coloca em pé enquanto o respeito e recolhimento de todos aqueles que estão lá vão crescendo.

A semelhança física dEla com Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Filho, vai se acentuando cada vez mais.

A glória de Nosso Senhor transfigurado se vai comunicando a Ela.

Ela cada vez mais rainha, cada vez mais majestosa, cada vez mais mãe.

Todo seu íntimo se manifestando de modo supremo nessa hora de despedida.

Alguns anjos, talvez, os mais esplêndidos do Céu, se aproximam e fazem Nossa Senhora subir.

Com o auxílio deles, Ela vai subindo e, aos poucos, o céu vai se transformando.

Assunção de Nossa Senhora, Johannes, Wielki, Master of the Olkusz Poliptych, 1466-1497
Assunção de Nossa Senhora.
Johannes, Wielki, Master of the Olkusz Poliptych, (1466-1497)

Na terra, aquela maravilha vai mudando, e volta ao aspecto primitivo.

Os homens voltam para casa com a sensação que tiveram na Ascensão de Nosso Senhor.

Ao mesmo tempo estão maravilhados, com uma saudade sem nome, desolados por algum lado, mas levando na retina algo que nunca tinham visto, nem podiam ter imaginado a respeito de Nossa Senhora.

Imediatamente, o triunfo de Nossa Senhora começa no Céu.

A Igreja gloriosa inteira vai recebê-La. Nosso Senhor Jesus Cristo A acolhe, todos os coros de anjos estão ai, São José está perto. Depois é coroada pela Santíssima Trindade.

É impossível pensar nesse triunfo terreno, sem pensar no triunfo celeste que veio logo depois.

É a glorificação de Nossa Senhora aos olhos de toda a Igreja triunfante e aos olhos de toda a Igreja militante.

Com certeza, nesse dia também a Igreja padecente no Purgatório recebeu uma efusão de graças extraordinárias.

Não é temerário pensar que quase todas as almas que estavam purgando suas penas foram libertadas por Nossa Senhora nesse dia. De maneira que também ali houve uma alegria enorme.

Assim é que podemos imaginar como foi a gloriosa Assunção de nossa Rainha.

Algo disso se repetirá quando vier o Reino de Maria prometido em Fátima, quando virmos o mundo todo transformado e a glória de Nossa Senhora brilhar sobre a terra, porque Seu reinado começou de modo efetivo, e dias maravilhosos de graças, como nunca houve antes, começam a se anunciar também.

Antes de contemplarmos a glória de Nossa Senhora no Céu, nós havemos de contempla-la na terra certamente, com algo que poderá nos dar alguma semelhança desse triunfo sem nome que deve ter sido a Assunção de Maria.

Pensemos nos triunfos que os homens preparam para seus grandes batalhadores, por exemplo, as tropas francesas desfilando sob o Arco do Triunfo, depois da Guerra de 14-18, ou mais poucamente nos triunfos que os romanos preparavam para seus generais vencedores,

Compreenderemos que Nosso Senhor Jesus Cristo que é infinitamente mais generoso, deve ter premiado Nossa Senhora, no triunfo dEla aos olhos dos homens de um modo também incomensuravelmente maior.

Coroação de Nossa Senhora no Céu. Fra Angelico (1395 – 1455). Galeria degli Uffizi, Florença.
Coroação de Nossa Senhora no Céu.
Fra Angelico (1395 – 1455). Galeria degli Uffizi, Florença.
Portanto, tudo quanto existe de mais glorioso e triunfal na Criação, terá certamente brilhado na hora da Assunção de Nossa Senhora.

Meditando nisso, aproximamo-nos nessa festa pensando na virtude que devemos pedir a Nossa Senhora.

Cada um deve pedir a virtude que mais carece.

Mas, não haveria demasia em pedirmos a Ela uma virtude: que é o senso da glória dEla. Quer dizer, compreender bem tudo quanto representa Sua gloria na ordem da Criação.

Como essa glória é a mais alta expressão criada da glória de Deus.

Nós devemos ser sedentos de defender pela virtude de combatividade levada ao seu último extremo a glória de Nossa Senhora na terra.

Fazer de nós verdadeiros cavaleiros cruzados de Nossa Senhora, lutando por Sua glória na terra.

Essa me parece a virtude mais adequada nessa festa de glória, que é a Assunção de Nossa Senhora.


(Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra pronunciada em 14.8.65, sem revisão do autor).



Vídeo: São João del Rei: solenidades da Dormição e Assunção de Nossa Senhora 2016




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quarta-feira, 11 de agosto de 2021

1ª aparição: à procura de gravetos para suportar o frio

Uma das primeiras fotos da gruta das aparições. Pode se ver ainda as pedras que obstruiam o acesso e o córrego que deteve a Santa Bernadette
Uma das primeiras fotos da gruta das aparições, tirada em 1858.
Pode se ver ainda as pedras que obstruiam o acesso
e o córrego que deteve a Santa Bernadette
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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1ª aparição — quinta-feira, 11 de fevereiro

Todavia, naquele 11 de fevereiro de 1858 a luta pela vida continuou implacável.

O pai, Francisco, deitou-se entre esgotado e deprimido. O frio em Lourdes corta a pele como uma navalha e não havia lenha na lareira.

Bernadette prontificou-se a colher gravetos num bosque vizinho. Iria junto com umas amigas que também tinham necessidade. Louise, a mãe, não queria pois a saúde de Bernadette, que padecia de asma, andava fraca.

Porém, a necessidade e a insistência da filha levaram-na a aceitar. Aliás, Louise, ainda venderia uma parte daqueles gravetos e conseguiria fazer mais uma pobre sopa quente para o marido e os filhos naquela noite.

Bernadette foi, como sempre, levando seu terço no bolso. A mãe fez questão que voltasse para assistir às vésperas na igreja.

As meninas partiram com a ingênua alegria das almas sofridas, despretensiosas, generosas e sacrificadas.

Elas discutiram um pouco onde achar os melhores gravetos sem contrariar os proprietários dos bosques.

“Disputaram um pouquinho sobre o caminho a percorrer. Afinal puseram-se de acordo. Bernadette saiu na frente indicando a estrada.

Ouçamo-la contar ela própria o que então sucedeu.

Santa Bernadette conta as aparições de Lourdes


“A primeira vez que fui à gruta, era quinta-feira, 11 de fevereiro. Fui para recolher galhos secos com outras duas jovens.

“Quando estávamos no moinho, eu lhes perguntei se queriam ver onde a água do canal se encontrava com o Gave. Elas me responderam que sim.

“De lá, seguimos o canal e nos encontramos diante de uma gruta, não podendo mais prosseguir.

“Minhas duas companheiras se colocaram em condição de atravessar a água que estava diante da gruta.

“Elas a atravessaram e começaram a chorar. Perguntei-lhes por que choravam, e disseram-me que a água estava gelada.

“Pedi que me ajudassem a jogar pedras na água, para ver se podia passar sem tirar meus sapatos, mas disseram-me que devia fazer como elas, se quisesse.

“Fui um pouco mais longe, para ver se podia passar sem tirar meus sapatos, mas não poderia”.

Esta preocupação se explica porque Bernadette sofria de asma, e a mãe não queria que tomasse friagem. Prossegue o relato:

“Então, regressei diante da gruta e comecei a tirar os sapatos. Tinha acabado de tirar a primeira meia, quando ouvi um barulho como se fosse uma ventania.

“Então girei a cabeça para o lado do gramado, do lado oposto da gruta. Vi que as árvores não se moviam, então continuei a tirar meus sapatos.

Lourdes, a Gruta“Ouvi mais uma vez o mesmo barulho. Assim que levantei a cabeça, olhando a gruta, vi uma Dama vestida de branco.

“Tinha um vestido branco, um véu branco, um cinto azul e uma rosa em cada pé, da cor da corda do seu terço.

“Eu pensava ser vítima de uma ilusão. Esfreguei os olhos, porém olhei de novo e vi sempre a mesma Dama.

“Coloquei a mão no bolso, para pegar o meu terço. Queria fazer o sinal da cruz, mas em vão. Não pude levar a mão até a testa, a mão caía.

“Então o medo tomou conta de mim, era mais forte que eu. Todavia, não fugi. A Dama tomou o terço que segurava entre as mãos e fez o sinal da cruz.

“Minha mão tremia, porém tentei uma segunda vez, e consegui. Assim que fiz o sinal da cruz, desapareceu o grande medo que sentia, e fiquei tranqüila.

“Coloquei-me de joelhos. Rezei o terço, tendo sempre ante meus olhos aquela bela Dama. A visão fazia escorrer o terço, mas não movia os lábios.

“Quando acabei o meu terço, com o dedo Ela fez-me sinal para me aproximar, mas não ousei. Fiquei sempre no mesmo lugar. Então desapareceu imprevistamente.

“Comecei a tirar a outra meia para atravessar aquele pouco de água que se encontrava diante da gruta, para alcançar as minhas companheiras e regressarmos.

“No caminho de volta, perguntei às minhas companheiras se não haviam visto algo.

“— Não.

“Perguntei-lhes mais uma vez, e disseram-me que não tinham visto nada. Eu lhes roguei que não falassem nada a ninguém. Então elas me interrogaram:

“— E tu viste algo?

“Eu lhes disse que não.

“— Se não viste nada, eu também não.

“Pensava que tinha me enganado. Mas retornando a casa, na estrada me perguntavam o que tinha visto. Voltavam sempre àquele assunto.

“Eu não queria lhes dizer, mas insistiram tanto, que decidi dizê-lo, mas na condição de que não contassem para ninguém.

“Prometeram-me que manteriam o segredo. Mas assim que chegaram às suas casas, a primeira coisa que contaram foi que eu tinha visto uma Dama vestida de branco.

“Esta foi a primeira vez”.


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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Entrevista ao reitor do santuário de Lourdes (fim)

Lourdes, procissão das velas, fundo santuário
Luis Dufaur
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continuação do post anterior: Reitor de Lourdes explica como funciona o Santuário



Catolicismo — Para muitos peregrinos, o Reitor do Santuário está imerso num ambiente de milagres e de graças extraordinárias no seu dia-a-dia, pois tal é o cotidiano de Lourdes. O que pensar a respeito?
Pe. Zambelli — É verdade que o Reitor de Lourdes se banha constantemente num clima de oração, de fé e de grande fervor. É uma graça que manifesta a vitalidade da vida cristã no coração de tantos homens e mulheres.

É também uma exigência para ser mais fiel à nossa missão e corresponder cada vez mais à nossa vocação de servir o Evangelho e a Igreja.

Catolicismo — Como informou V. Revma., vem aumentando o número de fiéis peregrinos, devido ao ano do Jubileu. Na qualidade de Reitor do Santuário, como é possível acolher essa imensa multidão de peregrinos?

Pe. Zambelli — Não é da responsabilidade do Santuário de Lourdes organizar a intendência relativa ao acolhimento dos milhões de peregrinos.

Isso incumbe aos donos de hotéis da cidade, com os quais trabalhamos em harmonia. No que nos toca, estamos organizados para que todos os grupos sejam bem recebidos no Santuárior.

Lourdes, procissão das velas, fundo de tela do santuário
Catolicismo — Muitos brasileiros gostariam de vir em peregrinação a Lourdes. Para aqueles que estão impossibilitados de empreender tal viagem, o que V. Revma. aconselharia? E para os que se dispõem a vir, que recomendações lhes daria?

Pe. Zambelli — Para todos os cristãos do mundo inteiro que não poderão viajar a Lourdes, por múltiplas razões pessoais ou materiais, é sempre possível unirem-se espiritualmente a este acontecimento pela oração invocando Nossa Senhora de Lourdes, em particular pela recitação do Rosário feita diante de uma reprodução da Gruta ou de uma imagem da Imaculada.

Eles podem igualmente, graças aos meios de comunicação, acompanhar os acontecimentos que se desenrolam no Santuário de Lourdes. Podem, por fim, recitar a oração do Jubileu ou a novena preparatória.

Catolicismo — O Cardeal Ivan Dias, Legado de Bento XVI, disse que Nossa Senhora está tecendo uma rede de filhos e de filhas para encetar uma batalha final contra o Maligno, para a vitória de Jesus Cristo. O que sugere essa frase especialmente?

Pe. Zambelli — Todos já vimos, no início de um concerto, os músicos afinarem seus instrumentos.

Esse gesto é absolutamente necessário, pois se executará mal uma sonata de Bach num violino mal afinado, ou um prelúdio de Chopin num piano desafinado. Do mesmo modo, um maestro sempre se assegura, antes do recital, de que cada um dos membros do coro esteja bem afinado, segundo o tom de seu registro.

Em música, cumpre portanto afinar sempre os instrumentos e ajustar as vozes.

Este exemplo é de molde a nos fazer compreender melhor uma das missões da Virgem Maria.

Toda sua vida foi dedicada ao pensamento de Deus e à procura de sua vontade, tornando-se a única criatura para a qual nós podemos nos voltar para reencontrar a harmonia daquilo que somos no cotidiano e o que Deus espera de nós. Tendo sua vida sido perfeitamente una, não existe nela nenhuma dissonância, nenhuma nota falsa, tudo ressoa de acordo com o som muito puro do Evangelho.

É como eu compreendo seu reiterado apelo à “penitência”, quando de suas aparições em Lourdes.

Sua insistência para que nos convertamos não é senão o eco fiel da pregação de São João Batista. Jesus não disse outra coisa quando começou sua missão: “Convertei-vos e crede na Boa Nova” (Mc 1,15).

Cumpre entretanto reconhecer que a maioria de nossos contemporâneos é alérgica a este apelo, porque a palavra “penitência” soa estranhamente a seus ouvidos. Eles ouvem “penitência” e traduzem: ascese, mortificação, austeridade, sacrifício.

Ora, a Virgem Maria, em Lourdes, não empregou nenhuma dessas palavras. Se Ela escolheu a palavra “penitência”, é em razão de sua ressonância eminentemente evangélica.

Perguntei-me então se haveria outra palavra que pudesse traduzir, sem o trair, o vocábulo “penitência”.

Parece-me que “coerência” convém bem. Com efeito, o apelo à penitência é de fato um apelo à coerência. Em Lourdes, a Virgem Maria nos pede ter uma vida coerente com a nossa consciência, coerente com o nosso batismo, coerente com a nossa fé, coerente com o Evangelho.

Catolicismo — Na sua opinião, quais seriam os frutos mais importantes deste Ano Jubilar de Lourdes?
Pe. Zambelli — Espero que, por ocasião deste Ano Jubilar das Aparições da Virgem em Lourdes, cada um redescubra a atualidade de sua mensagem e de suas exigências espirituais, em razão da ressonância profundamente evangélica das palavras da Virgem Maria, e que este acontecimento eclesial produza frutos duráveis de santidade.


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