quarta-feira, 17 de julho de 2024

O inefável da Gruta de Lourdes

Tocando a pedra abençoada da gruta
Tocando a pedra abençoada da gruta
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Quantas vezes, sentado naqueles bancos de metal – sempre imaculados – que há diante da Gruta, eu ficava longos períodos, talvez horas, olhando os peregrinos passar, passar, passar, numa sucessão sem fim.

Que saudade!

Entretanto, diria alguém que ali não esteve: que banalidade!

Ficar ali sentado, vendo passar aquelas pessoas vindas de todos os cantos do mundo, com seus doentes, suas velas, seus papelinhos com pedidos, as fotos do parente ou do amigo, documentos, objetos de piedade e sei lá quantas coisas mais.

E, todos, todos colando sua mão bem espalmada na entrada na Gruta, e assim fazendo o percurso – que não é longo – até saírem.

No fim, a pedra transuda água. Não é a água da fonte e todo mundo sabe disso. É água natural que filtra não sei como pela pedra, muito devagarzinho.

Todo o mundo tenta pegar dessa água, molhar seu lenço, seu papelinho, seu pedido, a foto do parente ou amigo, fazer o sinal da Cruz com ela, etc.

E completado o rápido percurso, quantos se voltam 180º em direção à imagem da Gruta no alto, como que querendo prolongar um pouquinho uma prosa que aconteceu no fundo de sua alma com Nossa Senhora Ela mesma.

O último olhar
Num certo dia, enquanto desfiava o terço, me veio uma coisa à cabeça: por que é que esse pessoal faz isso? Santa Bernadette não fazia, nem falou para fazer...

E, entretanto, eu era um desses que percorria a Gruta toda com a mão espalmada, beijava a pedra úmida, molhava todos os lenços nela, e ainda me voltava para a imagem no fim, sem cessar.

Uma vez, duas vezes, dezenas de vezes, a todas as horas e com todos os frios, no dia e na noite.

O que há?

O que há é inefável, quer dizer, algo que não tem palavras que o descreva, mas que a gente sente no mais fundo da alma como uma voz que falou coisas que ninguém fala.

E vendo aquelas pessoas, eu percebia que elas também percebiam esse inefável, como que incomunicável.

Veja vídeo
VÍDEO: velas de Lourdes
Tudo isso não vai sem uma graça sobrenatural que nos faz entender coisas para as quais as palavras são incapazes.

É uma graça que toca de um modo mais eminente do que outras graças.

A ação dessa graça comunica uma certa ordenação no espírito humano mutilado pela negação intencional do sobrenatural, pelo exagero incessante, quotidiano daquilo que é puramente material, interesseiro, até pecaminoso.

Tocando a pedra abençoada da gruta
Tocando a pedra abençoada da gruta
Fazer essa breve romaria dentro da Gruta de Lourdes introduz a gente num mundo inteiramente diferente daquele onde vivemos todos os dias.

A gente, por assim dizer, é transportado sem esforço a um mundo todo feito de inefáveis.

A mão toca a pedra e colhe a umidade como que querendo apanhar esse imponderável e levá-lo para casa ‘preso’ no lenço ou papelzinho molhado.

A alma que vai passando vai se ordenando. É como se Nossa Senhora afagasse com mão suave, delicada e fresca nossas cabeças atrapalhadas, sarasse nossas feridas da alma, e dissesse para cada um palavras que a gente não sabe repetir.

Esse inefável ameniza o tenso, endireita o torto, restaura o quebrado, suaviza o endurecido, flexibiliza para o espiritual, amolece o empedernido, inspira confiança ao desesperado...

A atmosfera do inefável que cercou o dogma da Imaculada Conceição e as graças que vieram com Lourdes confirmando esse dogma, pouco mais ou menos chegam até nossos dias.

Hoje se pode dizer que as trevas tentam circunscrever o brilho imponderável de Lourdes.

Porém, esse brilho que não entra pelos olhos do corpo, mas pelo olhar da alma, continua se comunicando sem cessar a todos os que ali vão.

Há como que um verdadeiro arco voltaico de graças, um arco-íris sobrenatural, que vem desde Santa Bernadette e o Beato Pio IX no século XIX, em torno do dogma da Imaculada Conceição.

Mil e mil inefáveis de ordem sobrenatural emanam de Lourdes como um orvalho regenerador para a Humanidade.

"Perdão, minha Mãe, perdão! Andei mal!"
Ela ouve sempre.
E onde está a Humanidade? Onde estou eu? O que faz a Humanidade desse dom? O que eu faço dele?

Em qualquer lugar do mundo, olhando estas letras ou quaisquer outras que elevem nossa mente até Nossa Senhora, eu posso ser beneficiado por esse orvalho.

Mas é preciso eu me fechar para a má influência que me rodeia: materialista, pragmática, sensual, igualitária, cristofóbica.

É toda uma nova e boa educação para esses imponderáveis que me é necessária.

E então eu lembro das palavras de Santa Bernadette, quando ela se voltou para o povo no fim da 8ª aparição, num longínquo 24 de fevereiro:

―“Penitência, penitência, penitência!”; e “rezai a Deus pela conversão dos pecadores”, disse ela.

Esse pedido de penitência foi para cada um de nós. Para cada um de nós mudarmos de vida – cada um sabe no quê. E repetido três vezes, como quem diz: entendam bem, é para valer.

O “pecador” precisado de penitência não é o vizinho, nem alguém que a gente não sabe quem é – aliás, também sim.

Mas o primeiro “pecador” que precisa se converter é cada um de nós, sem exceção. Por causa desse “pecador”, Nossa Senhora veio a Lourdes e fez o pedido.

Entretanto, como é fácil essa penitência, essa mudança de vida, de disposições interiores, percorrendo a Gruta como acima está escrito.

A grande questão é nunca esquecer, sempre reavivar a lembrança, na vida quotidiana, sem cessar, pedindo a Nossa Senhora essa graça de nunca diminuir a saudade e a recordação.

E, para quem não foi a Lourdes, pensar em tudo isto e ter a confiança de que pensando nisto o orvalho de Lourdes chegará até onde estejamos e operará essa maravilhosa e inefável transformação em nós também.

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quarta-feira, 3 de julho de 2024

Na consolação ou na aridez, Nossa Senhora age como Mãe

Doentes em Lourdes, uns Nossa Senhora leva pela consolação, outros pela aridez
Doentes em Lourdes, uns Nossa Senhora leva pela consolação, outros pela aridez
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Em Lourdes nós vemos um exemplo de como Nossa Senhora pode agir. E que é um modo diferente do que nós queremos, mas é mais sapiencial.

Há doentes que chegam a Lourdes e tem uma consolação espiritual extraordinária.

Depois, banham-se na piscina, curam-se.

E voltam para casa cantando os louvores de Nossa Senhora.

Esse é um quadro clássico.

Mas há outros doentes que chegam e tem uma aridez do outro mundo.

Eles têm a impressão de que aquilo não da em nada nada. Banham-se na piscina, não saram, e voltam para casa tristes.

Mas, às vezes, no trajeto de volta, saram!

Nossa Senhora quis conceder através da aridez aquilo que Ela não concederia através da consolação.

Porque Ela tem os seus caminhos para cada um.

Então, é também típico caso de Lourdes o das pessoas, por exemplo um surdo que está voltando para casa.

De repente um companheiro lhe faz uma pergunta, ele responde e começa a conversar.

O companheiro:

— Você não está notando que você esta ouvindo?

— Ah, é verdade, imagine! Reza o Magnificat, etc. Aconteceu num momento em que a pessoa menos se deu conta.

Há graças assim que Nossa Senhora da por essa via porque quer aproximar dEla alguns pela aridez.

Procissão de doentes em Lourdes conduzidos por cavaleiros e voluntários da Ordem de Malta
Procissão de doentes em Lourdes
conduzidos por cavaleiros e voluntários da Ordem de Malta
E a outros quer aproximá-los pela consolação.

Ela é Mãe, Ela sabe.

Então, se uma imagem causa uma impressão profunda, não deve ser uma razão para achar que todos têm que ficar também manifestamente impressionados com essa imagem.

Pode ser que alguns não tenham tido essa consolação, essa impressão sensível.

E esses tampouco devem se sentir abatidos ou diminuídos com isso.

Nossa Senhora tem suas vias, Ela é Mãe de misericórdia, e Ela tem em relação a todos que estão lendo estas linhas.

Ela deu ou dará alguma coisa a todos.

De maneira que ninguém ficará sem algo.

É questão de esperar, porque a graça virá.

Ninguém deve se recriminar. Ninguém deve procurasse atribuir a aridez a faltas especiais suas.

A nós se aplicam verdadeiramente as palavras do Memorare (o “Lembrai-vos”): “gemendo sob o peso de nossos pecados” e nos cabe nos prostra aos pés dEla, que é Mãe de misericórdia para os pecadores.

De maneira que não é o caso de nós dizermos: eu tive tal desolação, portanto estou mal nesse e naquele outro ponto.

Nesse pensamento errado entra o demônio da dúvida e do desespero que só prejudica a vida espiritual.

Nessa hora lembremos dos milagres de Lourdes em toda a sua enorme variedade e imprevisibilidade, na consolação ou na aridez.



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quarta-feira, 5 de junho de 2024

Nossa Senhora de Lourdes vandalizada suscita desagravo

Imagem de Nossa Senhora de Lourdes é quebrada por vândalos em Ituporanga.
Luis Dufaur
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A imagem de Nossa Senhora de Lourdes que fica dentro de uma gruta no Centro de Ituporanga, SC, foi quebrada por vândalos aproveitando a falta de luz da madrugada.

A polícia coletou imagens das câmeras de segurança do salão paroquial próximo para tentar identificar os criminosos. O canteiro da paróquia Santo Estevão, que fica em frente à gruta, também foi vandalizado, segundo divulgou “Jornal Alfredo Wagner Online”.

A imagem de cerca de 1,6 metros de altura ficava no ponto mais elevado da gruta e tinha a proteção de uma grade, além do portão de entrada do local que estava fechado. Mas isso não inibiu a ação.

O responsável pela limpeza a encontrou em pedaços, como mostram as imagens. A paróquia lamentou o que chamou de “ato de intolerância religiosa e vandalismo”.

Conforme uma publicação paroquial nas redes sociais, essa não é a primeira vez que a gruta sofre ataque. A segurança no local será reforçada e a imagem, restaurada por voluntários.

“Expressamos nossos mais sinceros apelos a Deus para que toque o coração do homem contemporâneo, afastando a maldade e promovendo a prática do bem e do amor ao próximo”, diz um trecho do comunicado da Paróquia Santo Estevão convocando os católicos para um ato religioso de desagravo.

A Prefeitura Municipal de Ituporanga divulgou nota na qual “emite Nota de Repúdio sobre a invasão e aos atos de vandalismo à Gruta Nossa Senhora de Lourdes, repudia e lamenta profundamente os danos materiais, históricos e da fé religiosa, causados pela depredação”.


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quarta-feira, 22 de maio de 2024

O milagre do terço salvou os missionários em Hiroshima

Os padres Hugo Lassalle (Superior dos jesuítas no Japão), Hubert Schiffer,
Wilhelm Kleinsorge e Hubert Cieslik [assinalados no círculo da foto]
Luis Dufaur
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No dia 6 de agosto de 1945, solenidade da Transfiguração de Nosso Senhor e praticamente no fim da II Guerra Mundial, a aviação americana lançou sobre a cidade de Hiroshima, no Japão, a bomba atômica “Little Boy”, de urânio, que provocou a morte de 140 mil pessoas, mais de 70 mil feridos, e grande parte da cidade destruída.

Três dias depois, a mesma aviação lançou a bomba nuclear de plutônio, “Fat Man”, sobre a cidade de Nagasaki. Essa bomba destruiu a catedral da Imaculada Conceição, matando muitos católicos que estavam no templo.

Foi a primeira e única vez em que armas nucleares foram usadas contra alvos civis.

Devido à radiação, entre dois a quatro meses após os ataques atômicos, os efeitos agudos das explosões mataram entre 90 e 166 mil pessoas em Hiroshima, e 60 a 80 mil em Nagasaki.

Durante os meses seguintes, várias pessoas morreram por causa do efeito de queimaduras, envenenamento radioativo e outras lesões, que foram agravadas pelos efeitos da radiação.

Nesse terrível cenário, ocorreu nessa cidade um fato surpreendente, que passou a ser conhecido como o “Milagre de Hiroshima”: quatro sacerdotes jesuítas alemães sobreviveram à catástrofe, inclusive a seus efeitos, apesar de estarem muito perto do local onde a bomba explodiu.

Pe. Hubert Schiffer SJ
Esses religiosos eram os padres Hugo Lassalle (Superior dos jesuítas no Japão), Hubert Schiffer, Wilhelm Kleinsorge e Hubert Cieslik.

No momento da explosão, eles se encontravam na casa paroquial da igreja de Nossa Senhora da Assunção, um dos poucos edifícios que resistiu à bomba.

Um dos sacerdotes estava celebrando a Santa Missa, outro tomava o café da manhã e os demais se encontravam em dependências da paróquia.

O edifício religioso sofreu apenas danos menores, como vidros quebrados, conforme escreveu o Pe. Hubert Cieslik em seu diário, mas nenhum dano em consequência da energia atômica liberada pela bomba.

O Pe. Schiffer escreverá depois o livro O Rosário de Hiroshima, no qual narra tudo o que lhes sucedeu naqueles dias fatídicos.

Os religiosos atribuem sua preservação a uma proteção particular da Santíssima Virgem, pois “vivíamos a mensagem de Fátima e rezávamos juntos o Rosário todos os dias”.

Quando, mais tarde, esses jesuítas receberam tratamento médico, foi-lhes dito que devido à radiação eles teriam lesões graves, enfermidades, e inclusive uma morte prematura.

Porém, contra todas as expectativas, tal não sucedeu. Nenhum deles teve qualquer transtorno físico.

Pelo contrário, em 1976 — 31 anos depois do lançamento da bomba —, o Pe. Schiffer participou do Congresso Eucarístico de Filadélfia, onde relatou sua história.

Ele confirmou que os quatros jesuítas ainda viviam, sem nenhuma enfermidade.

Isso foi comprovado por dezenas de médicos que os examinaram cerca de 200 vezes nos anos posteriores, não encontrando qualquer sinal da radiação em seus corpos.

Catedral da Assunção de Nossa Senhora, em HIroshima, o novo templo hoje
Catedral da Assunção de Nossa Senhora,
em Hiroshima, o novo templo hoje
O Pe. Hugo Lassalle continuou em Hiroshima, e em 1948 naturalizou-se japonês com o nome Enomiya Mabiki.

De passagem por Roma, recebeu do Papa Pio XII autorização para recolher fundos destinados a reconstruir a igreja dedicada à Assunção de Nossa Senhora.

Em 1959, com a elevação de Hiroshima a diocese pelo Papa João XXIII, ela passou a ser catedral.

Sua construção começou em 1950 e foi concluída no dia 6 de agosto de 1954, nove anos após a explosão da bomba atômica.

É preciso dizer que a rendição do Japão se daria na solenidade da Assunção da Virgem aos Céus, 15 de agosto de 1945, poucos dias depois da explosão das bombas atômicas.

Hiroshima foi reconstruída totalmente, com aquela tenacidade própria aos filhos do Sol Nascente, contando hoje com mais de um milhão e cem mil habitantes.


(Fonte: ACIPrensa)


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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Rico mesmo é quem tem Fé

Cela onde morava a família de Santa Bernadette na época das aparições
Cela onde morava a família de Santa Bernadette na época das aparições
Luis Dufaur
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Imagine uma família riquíssima que tem tudo para viver bem. Mora na casa mais agradável que pode haver, tem iate, avião, facilidades de passar férias fabulosas, trabalho bom e leve, não há preocupação porque a fortuna é grande e próspera.

Os membros da família tratam muito bem da saúde, todos têm uma saúde florescente, tudo corre muito bem.

Mas se não há fé, essa família degringola.

A união desaparece entre os esposos, os filhos não querem bem aos pais, os irmãos não se estimam entre si, nascem as queixas, as reivindicações, e a família se desarticula.

Imagine uma família pobre.

Por exemplo, a família de Santa Bernadette Soubirous, a pequena trabalhadora manual, um pouco pastora, a quem apareceu Nossa Senhora na gruta de Massabielle, em Lourdes.

A família era paupérrima. Morava numa espécie de tugúrio, a bem dizer uma cela de prisão da delegacia local meio abandonada.

Entrada da cela onde morava a família Soubirous
Entrada da cela onde morava a família Soubirous
Eles não tinham senão o necessário para viver, e ainda assim faltava.

Nossa Senhora apareceu pela primeira vez a Santa Bernadette quando ela colhia gravetos para acender um foguinho e aquecer o “cachot” (cela) onde a família subsistia.

Mas eram unidíssimos, se queriam muito bem.

O fruto dessa família foi Santa Bernadette, uma santa a quem a Virgem apareceu!

Era uma família feliz. Dentro daquela pobreza, eles viviam muito bem, tranquilos, e o indispensável nunca lhes faltou.

Isso que se dá com as famílias, dá-se também com as nações.

Erram aqueles que imaginam que uma família rica é uma família que vai bem. Não.

A família que vai bem é a que é rica em Fé!

O grande tesouro é a Fé católica, apostólica e romana!

A família rica em Fé, esta vai bem; a família que não tem Fé se desarticula.

Também a nação rica em Fé vai bem. Se ela não é rica em Fé, ela se desarticula e leva tudo à breca.

O Brasil é rico, até riquíssimo em recursos. Vai bem?

O que lhe falta?

Não é a Fé?

Mais uma razão para rezarmos especialmente a Nossa Senhora de Lourdes em sua festa que já está muito perto de nós.



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quarta-feira, 24 de abril de 2024

As Carmelitas de Lourdes

Santuário de Lourdes pela noite
Santuário iluminado na noite
Luis Dufaur
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Há uma coisa talvez mais bonita do que os milagres em Lourdes: o Convento de Carmelitas.

É um convento de contemplativas que têm o propósito de expiar e sofrer todas as doenças para obter graças para os corpos e almas das pessoas que vão lá pedir essas graças.

Elas nunca pedem a sua própria cura e aceitam todas as doenças que queiram cair em cima delas em benefício das almas que vão à Gruta de Lourdes para pedir a sua própria cura.

Então elas sofrem coisas horrorosas, elas levam às vezes uma vida inteira de sofrimentos, e às vezes morrem de uma morte prematura com objetivo especial de fazer bem para as outras almas.

Esses atos de abnegação estão tão longe da natureza humana, e causam um tal horror ao egoísmo humano, que este é um milagre maior do que todas as outras curas que se fazem em Lourdes.

E que mostra bem qual é a intenção de Nossa Senhora nas curas de Lourdes: é a de produzir milagres de caráter espiritual e moral que levam as almas para o Céu.

Por quê?

O quê é que seria Nossa Senhora, se Ela aparecesse em Lourdes para fazer bem para os corpos que perecem, e não para as almas que não perecem? Qual seria esse amor d’Ela aos homens, a não ser o principal objetivo de levar para o amor de Deus?

Diante da Gruta de Lourdes
Multidão de doentes diante da Gruta
O maior ensinamento de Lourdes não é o ensinamento apologético, aliás, tão grande e importante. Mas é esse ensinamento da aceitação da dor, do sofrimento, da derrota, do fracasso se preciso for.

Alguém dirá: “Mas é muito difícil aceitar isto. É muito difícil carregar a dor por esta forma”.

E a resposta nós temos na agonia de Nosso Senhor Jesus Cristo no Horto das Oliveiras.

Quando posto diante de todo o sofrimento que estava diante d’Ele, Ele disse: “Se for possível afaste-se de mim este cálice. Mas seja feita a vossa vontade e a não a minha.”

E é a posição que nós devemos ter diante de nossos sofrimentos particulares: “Se for possível, afaste-se de mim este cálice. Mas seja feita a vossa vontade e não a minha”.

Veio então um Anjo consolar a Nosso Senhor. A graça nos consolará a nós também nos sofrimentos que Nossa Senhora nos manda.

Coragem, portanto, resolução, energia, compreensão do significado do sofrimento, e alegria por nós sofrermos.

Porque se sofre, é dos predestinados; são os réprobos os que não sofrem.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, palestra proferida em 6/2/65. Sem revisão do autor).

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Santa Bernadette: exemplo de desinteresse,
de alienação e de holocausto (2)

Santa Bernadette, freira em Nevers, fim de outubro 1873
Santa Bernadette, freira em Nevers, fim de outubro 1873
Luis Dufaur
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Oração heróica de quem foi escolhida para ser o arco por onde um raio de sol penetrou no mundo contemporâneo

Eu compreendo que para muitos ouvidos, essa oração possa ter uma conotação de "heresia branca" [Nota: expressão aqui utilizada no sentido de uma atitude sentimental que se manifesta sobretudo em certo tipo de piedade adocicada e uma posição doutrinária relativista]. Entretanto ela não tem nada de "heresia branca"!

É uma oração verdadeiramente heroica. Veja a oração no post anterior CLICANDO AQUI

Qual é o heroísmo que está dentro disso?

É o seguinte: ela teve uma graça incomparável: foi a ela que Nossa Senhora apareceu. Foi a ela que Nossa Senhora indicou onde é que estava a fonte onde deveria arranhar para que saísse a água que brota até hoje com as curas milagrosas.

Foi, portanto, a partir das revelações feitas a ela que Nossa Senhora inaugurou uma série de maravilhas pelo mundo inteiro e que sob a invocação de Nossa Senhora de Lourdes a devoção a Nossa Senhora também se espalhou maravilhosamente.

quarta-feira, 20 de março de 2024

Santa Bernadette: exemplo de desinteresse,
de alienação e de holocausto (1)

Luis Dufaur
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O “testamento” de Santa Bernadette


Eu tenho aqui um extrato de um jornal de Messina (Itália), de 6 de junho de 1965, que dá uma série de pensamentos à maneira de testamento de Santa Bernadette Soubirous. Então diz o seguinte:

“Pela miséria de meu pai e pela ruína do moinho no qual moravam e pelos vários fatos infelizes que se deram em conseqüência, por termos tomado, devido inclusive o vinho do cansaço, pelas ovelhas doentes, graças vos dou, Senhor.

Eram vários infortúnios que tinham acontecido ao pai e que tinha reduzido a família do pai à miséria. É um italiano complicado esse aqui. O que quer dizer isso aqui? Comer demais, é isso?

“Pelos meninos acudidos, pelas ovelhas que tomáveis conta, graças vos dou, Senhor. Graças, ó meu Deus, pelo... pelo comissário, pelas polícias, pelas duras palavras de Dom Peyramale.

Ela foi perseguida, foi levada à polícia, maltratada pelos comissários, e o padre vigário de lá lhe disse muito duras palavras. Então, por tudo isso, diz ela: “graças vos dou, Senhor”.

quarta-feira, 6 de março de 2024

Lourdes e a Mediação Universal de Nossa Senhora

Nossa Senhora de Lourdes. Igreja da Madelaine, Paris.
Nossa Senhora de Lourdes. Igreja da Madelaine, Paris.
Luis Dufaur
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Dos muitos aspectos que tem a devoção de Nossa Senhora de Lourdes, um me parece que tem sido insuficientemente acentuado e é o seguinte: os senhores sabem que para o Reinado de Maria, uma verdade fundamental é a Mediação Universal de Nossa Senhora.

Porque para Nossa Senhora ser verdadeiramente Rainha, é preciso que Ela possa junto a Deus tudo quanto Ela queira, pois é por esta forma que Ela governa o mundo.

Nossa Senhora, pela Sua própria natureza, – Ela tem uma natureza humana como a nossa – não tem mais poder sobre os astros, sobre os homens, do que nós temos.

De maneira que, para ter o reinado de todo o universo, para ser a Rainha de todos os Anjos, a Rainha de todos os Santos, a Rainha de todos os homens, a Rainha de todo o mundo material e dominadora terribilíssima e completa do demônio, Ela precisa ter a graça de Deus.

E é exatamente enquanto ponto de convergência de todas as graças de Deus que ela é Rainha.

A onipotência de Nossa Senhora tem sido muitas vezes chamada, e muito adequadamente, onipotência suplicante, porque é por meio da súplica que Ela faz, que Ela pode tudo.

Porque Ela pode tudo junto dAquele que pode tudo, é por isso que é Rainha. E, portanto, o Reinado de Nossa Senhora é o reinado das súplicas que Ela faz, do valor das orações que Ela oferece.

Portanto, a realeza de Nossa Senhora está numa conexão íntima com o fato de Ela ser o canal de todas as graças. Ela é a Rainha de tudo porque todas as graças passam por Ela.

Todas as graças que são dadas aos homens, são dadas pelas mãos dEla. Todos os pedidos que os homens fazem são apresentados por meio dEla.

E se todos os santos e anjos do Céu pedissem algo que não fosse por meio dEla não obteriam. Ela sozinha, pedindo sem nenhum deles, obtém. De tal maneira o foco da predileção Divina se concentrou por inteiro nEla.

Lourdes: Basílica do Rosário
E depois, parte dEla de novo para toda a criação.

É porque Ela é medianeira de todas a graças que Ela é onipotente.

Há, portanto, uma espécie de correlação íntima entre uma coisa e outra.

Agora, as aparições de Lourdes se inserem numa série de aparições de Nossa Senhora no século XIX, que são as mais célebres dessas aparições e, debaixo de alguns pontos de vista, merecidamente as mais célebres.

Essas aparições de Nossa Senhora no século XIX, que culminam com Fátima, culminam com a afirmação do Reinado de Maria.

E a aparição de Lourdes, portanto, está num pontilhado de aparições que são como que, nas noites extremas de nossos dias, uma clarinada do Reino de Maria, pontos alvos anunciando que o Reino de Maria virá.

Em Lourdes, em cada uma dessas aparições, seria muito interessante estudar a presença da idéia da Mediação Universal das graças e do Reinado de Maria.

Em Lourdes, especialmente, se pode dizer debaixo de um título: Nosso Senhor poderia ter dado essa fecundidade estupenda de milagres a um santuário dEle.

Na França, por exemplo, há um santuário magnífico consagrando uma devoção estupenda a Ele, que é o Santuário de Paray-le-Monial, onde Nosso Senhor fez suas revelações a Santa Margarida Maria Alacoque.

Ele poderia perfeitamente fazer com que esses milagres se dessem lá, se dessem em todos os santuários consagrados a Ele.

Mas Ele quis que a maior fonte de milagres que houve na História da Igreja, na História do mundo, fosse num santuário consagrado a Nossa Senhora.

Lourdes: rezando no local onde rezava Bernadette
Quer dizer que Ele quis que aquelas curas todas só fossem obtidas sob a égide de Nossa Senhora, depois de uma aparição de Nossa Senhora, como uma graça de Nossa Senhora, e mediante um pedido feito a Nossa Senhora.

Ou seja, Ele quis que todas essas curas estupendas passassem pelas mãos dEla.

Quis que passassem para que?

Evidentemente para documentar o dogma, que ainda não é dogma, é verdade de fé, da Mediação Universal, para os homens compreenderem bem até que ponto Ela pode tudo.

As piores doenças, os maiores males, os sofrimentos mais horrorosos Ela cura, toma as leis mais inflexíveis da natureza e as elimina. Ela vence tudo: uma pessoa que vê sem nervo ótico...

Isso é um tal domínio de Nossa Senhora sobre a natureza, como mais não se pode imaginar! Bem, isto tudo é feito por meio dEla.

Por que? Para mostrar que todas as graças vêm por meio dEla. E a presença de todas as graças nas mãos dEla para serem distribuídas, por sua vez, quer dizer que Ela é a Rainha do Céu e da Terra. E por Ela passa tudo.

(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 4 de fevereiro de 1965. Sem revisão do autor.)



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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Na festa de Santa Bernadette:
sofrimentos finais pelo Papa e pela vitória da Igreja

A gruta de Nossa Senhora das Águas no fundo do jardim do convento de Saint Gildard, Nevers. Essa imagem era a que mais lembrava a Nossa Senhora segundo Santa Bernadette.
A gruta de Nossa Senhora das Águas no jardim do convento de Saint Gildard, Nevers.
Essa imagem era a que mais lembrava a Nossa Senhora segundo Santa Bernadette.
Luis Dufaur
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Santa Bernadette entrou no convento de Saint Gildard, na cidade de Nevers, da Congregação das Irmãs da Caridade.

Ali fez o noviciado, passou toda sua vida de religiosa que, aliás, não foi longa, e ali faleceu.

Em Saint Gildard, Santa Bernadete ficou encarregada da enfermaria do convento.

No fundo da casa há uma imagem da Nossa Senhora das Águas, dentro de uma espécie de gruta artificial.

Santa Bernadete achava que por causa da atitude de benevolência e o sorriso, essa imagem era a que melhor lhe relembrava a Nossa Senhora como lhe apareceu em Lourdes.

A saúde de Santa Bernadete sempre foi periclitante. Com o tempo, não fez senão piorar, trazendo-lhe agonias e tormentos indizíveis. Várias vezes temeu-se que morreria logo, recebeu a Extrema unção e até proferiu os votos solenes in articulo mortis.

Em dezembro de 1876, por iniciativa do bispo diocesano e com o auxilio de outras religiosas escreveu uma carta de punho e letra ao Papa Pio IX, felizmente reinante.

Naquela época, Roma e o Vaticano estavam invadidos pelas tropas revolucionárias garibaldinas.

Beato Papa Pio IX, por quem Santa Bernadette oferecia suas mais terríveis dores
Beato Papa Pio IX, por quem Santa Bernadette oferecia suas piores dores
Ainda ecoavam no mundo católico as proezas dos zuavos pontifícios defendendo a Cidade Santa contra as tropas revolucionárias de Garibaldi e do rei Vitor Emanuel.

Na carta encontramos aspectos importantes de sua personalidade:
― “Há muito que eu sou zuavo (soldado voluntário do Papa), embora indigno, de Vossa Santidade. Minhas armas são a oração e o sacrifício”, escreveu.

E ainda dizia ao Papa da Imaculada Conceição:
― “No Céu a Santíssima Virgem deve fixar sobre vós o seu olhar com freqüência, Santíssimo Padre, pois vós a proclamastes Imaculada, e quatro anos depois, nossa boa Mãe veio à terra para dizer: ‘Eu sou a Imaculada Conceição’.”

E concluía encorajando ao Pontífice assediado por inimigos externos da Igreja e maus eclesiásticos "modernistas":
― “Eu espero que (...) esta boa Mãe (...) se dignará pousar seu pé sobre a cabeça da maldita serpente, e assim pôr termo às cruéis provações da Santa Igreja e às dores de seu augusto e bem-amado Pontífice”.



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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Explosão de satánico Carnaval na Igreja antevisto pela Beata Isabel Canori Mora

Intolerância da Bem-aventurada Isabel Canori Mora face ao carnaval
Intolerância da Bem-aventurada Isabel Canori Mora face ao carnaval
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







O jornalista Marco Tosatti teceu valiosas considerações inspirado pela atitude da Bem-aventurada Isabel Canori Mora diante do carnaval.

Glosamos e adaptamos suas reflexões com a mente posta na Beata Isabel a quem com toda admiração e devoção dedicamos uma página especial de nosso blog: “Vítima expiatória pelo Papado, anunciava grandes castigos décadas antes de La Salette e Fátima”.

Pois, tomando contato com seus manuscritos, ficamos especialmente impressionados pela luta sobrenatural em que ela aceitou as dores da reedição da Paixão desferida pelo príncipe das trevas.

Esse tentava, como tenta ainda hoje, afogar a Igreja num infernal lamaçal de irracionalidade, igualitarismo e imoralidade.

Tosatti conta que a Beata Isabel quando casou foi morar com sua nova família na bela casa de seus sogros: o Palazzo Selvaggi na centralíssima Via del Corso.

Ela teve então uma grave preocupação: em fevereiro ela teria que manter as venezianas das janelas fechadas para evitar que suas duas filhas, Mariana e Maria Lucina, vissem os escândalos dos desfiles do Carnaval Romano que aconteciam nessa Via del Corso.

Os romanos se mascaravam de modos estranhos: nobres, ricos, pobres, todos imergiam na febre do caos que, de repente, pagão, misterioso, perturbador, explodia na Cidade Santa e que nessa hora podia se nomear a Cidade da Iniquidade, diz o escritor.

Palazzo Selvaggi (estado atual), onde morou recém-casada
Na escuridão da noite, uma tentação diabólica se escondia sob cada licença material, comenta Tosatti.

Era a antiga festa da febre da Roma pagã, ou seja, fevereiro, tida como festa da malária e da purificação, que mais tarde virou carnaval.

Ateava-se um fogo que se dizia purificador, os pacientes febris (isto é, os que participavam das orgias) ateavam os “moccoletti”, pequenas velas acesas que usavam em brincadeira como símbolo de “cura”.

O Carnaval se comemorava comendo carne e cantando “carne, vale a pena! Carne, adeus!”

Nos inícios do século XIX, época da Beata Isabel, a Roma dos Papas havia retornado infelizmente ao sentido pagão original do carnaval, quer dizer a velha careta do demônio dissimulada sob formas fantasiosas, sempre impuras e hediondas.

As portas se abriam para o mundo da torpeza, que como hoje, punha tudo cabeça para baixo.

A lei do Carnaval romano consistia em pecar contra a Lei Divina
A lei do Carnaval romano consistia em pecar contra a Lei Divina

A lei consistia em pecar contra a Lei Divina, os Mandamentos de Deus. Essa febre durava não só nos dias carnavalescos, mas, sob enganadoras festas, repercutia dissimuladamente o ano inteiro.

Beata Isabel fechava as janelas porque vivia na Comunhão dos Santos em guerra contínua contra o diabo.

Mas, naqueles anos, as seitas secretas se movimentavam à sombra da Basílica de São Pedro como uma febre negra.

Assim o viram misticamente a Beata Isabel e a Beata Ana Maria Taigi. Essas associações soturnas trabalhavam muito para deformar o mundo e lhe dar o rosto que tem hoje. Cfr. Também Beata Ana Maria Taigi : “A contemplativa da luta entre a Luz e as Trevas”

Quer dizer se empenhavam para transformar o belo em feio e o bom em mau.

Maria Lucina, a filha mais nova se tornou-se freira de San Felipe Neri.

Mariana, a filha mais velha, não entendia a mãe, vivia nos novos tempos, queria casar, viver no mundo. E casou, viveu no mundo e antes de morrer, aliás jovem, ela entendeu que sua mãe tinha vivido na verdade. E se arrependeu.

Casar com o mundo, dizia a Beata, é casar com as trevas, virando as costas para a luz.

“Você sabe por que ruim significa ruim?” perguntava a santa progenitora e explicava: “ruim vem do latim captivus e significa prisioneiro”: captivus diaboli, escravo do diabo.

Os homens que correm à procura das faíscas da falsa luz, a de lúcifer, a estrela que brilha sem ser o sol, são escravos do mundo e prisioneiros do diabo.

Esses escolheram orgulhosamente o carnaval, que não é purificação da febre, mas é a imersão no mal, na traição da lei divina.

O demônio é o Rei do Carnaval nas Sodoma e Gomorra hodiernas
O demônio é o Rei do Carnaval nas Sodoma e Gomorra hodiernas,
e até nas fileiras das "cloacas de impureza" eclesiásticas
E o demônio fazia tudo isso em virtude de sua obra-prima de mentira que, como sabemos, consiste em fingir que ele não existe!

Essa falsa luz hoje ilumina a todos multiplicada pelos meios de comunicação, comenta Tosatti.

À noite, cansado de um dia de afazeres, recados e outras perambulações, ligando a Internet, a TV ou o smartphone, o jornalista encontra na telinha o ano todo, o carnaval de um mundo virado às avessas, mergulhado na inversão dos valores da alma, ensinando a torpeza e o horror.

Então o jornalista gosta ainda mais da Beata Isabel, e, cansado de palavras, fecha as novas venezianas que são as telas digitais e vá para a cama.

Os santos sempre bradaram contra o carnaval. Desde Santo Antônio até São Carlos Borromeo e São João de la Salle que comparava os “maus cristãos” do carnaval aos algozes de Jesus Cristo.

Os comparsas? São como os soldados romanos que “lançaram sortes sobre a túnica do Senhor”.

Os personagens noturnos romanos? Parecem “Judas e quem estava com ele quando aproveitaram a noite para capturar Jesus”.

E assim por diante.

O motivo é simples de entender.

A vida cristã é cheia de alegria, é ordeira, comemora em paz e respira no mais fundo da alma porque está unida a Deus.

Por isso Tosatti fecha as venezianas das telas digitais que refletem de maneira direta o que já vê no mundo.

Sim, o mundo é suficiente para mim, escreve , e não quero vê-lo de novo, nem na tela do smartphone, prossegue ele.

O que vejo é suficiente para mim, enquanto penso em Isabel, que agora, Beata, vive a verdadeira vida nas doces mãos do Senhor, enquanto seus nobres restos mortais repousam na bela igreja trinitária de San Carlino alle Quattro Fontane.

Igreja de San Carlino, altar das relíquias da Beata Isabel, Roma.
É refúgio do Carnaval para Tosatti.
E às vezes, quando o meu coração já não aguenta mais, vou até ela na pequena capela que é o último local de descanso dos seus restos terrenos. E com ela meu coração se dilata.

O Rei do Carnaval hoje reina indiscutivelmente até na Igreja que amo como meus olhos.

Lembro de um franciscano chamado Antônio, conta ainda Tosatti, que conheci há muitos anos e a quem ajudei em suas boas ações num mercado para os pobres que instalou na sacristia da sua igreja.

Distribuíamos roupas e sanduíches a todos os pobres que, com cestos e carrinhos, tinham que ouvir missa.

E aquela missa, era bela e lotada por uma variada humanidade que, enquanto esperava por lenços, mantas e chapéus, ouvia sem pestanejar as longas homilias de padre Antônio, que muitas vezes falavam do demônio.

Então um dia, o Padre foi enviado para não sei onde e em seu lugar veio um franciscano moderno que à noite reúne muitos jovens falando sobre sua experiência de casamento ou de trabalho, dando as costas ao tabernáculo.

Fui apenas uma vez. A igreja que estava quente quando havia os pobres do padre Antônio, naquele desvario de modernidade me pareceu fria.

Sim, mesmo na Igreja, o mundo entrou desordenando tudo e pondo tudo ao contrário.

Um pároco que conheço se gaba de ter esvaziado a sua igreja de fiéis e, em uma homilia, caiu acima dos que fazem oração ou puxam o terço, contou ainda o jornalista.

Suas seguidoras me disseram que logo ele será bispo. É a febre que dura desde o carnaval de fevereiro e continua em março e depois na primavera...

Porque o clero incluída sua mais alta hierarquia aparentemente foi engolido pelo fétido vazio da defecção, das “cloacas de impureza” de que falou Nossa Senhora em La Salette, e acabou escurecida por uma luz negra luciferina.

Que a Páscoa do Senhor seja uma verdadeira Ressurreição da Igreja conclui Tosatti. É também nosso voto que emerge como um clamor do mais fundo de nossa alma.