quarta-feira, 3 de março de 2021

Penitência, perdão e esperança

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








“Eco fiel da mensagem evangélica, as aparições de Nossa Senhora em Lourdes fazem sobressair de maneira surpreendente o contraste que opõe os julgamentos de Deus à vã sabedoria deste mundo.

“Numa sociedade que absolutamente não tem consciência dos males que a corroem, que vela suas misérias e injustiças sob aparências prósperas, brilhantes e despreocupadas, a Virgem Imaculada, em Quem jamais roçou o pecado, se manifesta a uma criança inocente.

“Com compaixão maternal, percorre com o olhar este mundo resgatado pelo Sangue de seu Filho, onde desgraçadamente o pecado faz cada dia tantas devastações; e por três vezes lança Ela o urgente apelo: ‘Penitência, penitência, penitência!’.

“Gestos expressivos são mesmo solicitados: ‘Vá beijar a terra, em penitência pelos pecadores’.

“E ao gesto é preciso acrescentar a súplica: ‘Rezarás a Deus pelos pecadores’.

“Assim, tal como no tempo de João Batista, tal como no princípio do ministério de Jesus, a mesma injunção, forte e rigorosa, dita aos homens a via do retorno a Deus: ‘Arrependei-vos!’ (Mt 3, 2; 4, 17).

“E quem ousaria dizer que este apelo à conversão do coração perdeu nos dias de hoje sua atualidade?

“Mas como poderia a Mãe de Deus vir até seus filhos, senão como mensageira de perdão e de esperança?
“Já a água jorra a seus pés: ‘Omnes sitientes, venite ad aquas, et haurietis salutem a Domino’ (Oficio da Festa das Aparições, 1º Respons. do III Not.).

“A esta fonte, onde a dócil Bernadette foi a primeira a ir beber e lavar-se, afluirão todas as misérias da alma e do corpo.

‘Fui até lá, lavei-me e vi’ (Jo 9, 11) – poderá responder com o cego do Evangelho o peregrino reconhecido.

“Mas, tal como para as multidões que se comprimiam ao redor de Jesus, a cura das chagas físicas aí constitui, ao mesmo tempo que um gesto de misericórdia, o sinal do poder que o Filho do Homem tem, de perdoar os pecados (cfr. Mc 2, 10).

“Junto da gruta bendita, a Virgem nos convida, em nome de seu Divino Filho, à conversão do coração e à esperança do perdão. Escutá-la-emos nós?”.



(Trecho da Encíclica Le Pèlerinage de Lourdes, de Pio XII, em 2-7-1957)

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