quarta-feira, 21 de abril de 2021

Os 7 critérios da cura milagrosa

O Papa Bento XIV quando Cardeal definiu os 7 critérios para caracterizar o milagre. Pierre Subleyras (1699 – 1749), Metropolitan Museum of Art
O Papa Bento XIV quando Cardeal
definiu os 7 critérios para caracterizar o milagre.
Pierre Subleyras (1699 – 1749), Metropolitan Museum of Art
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








A Igreja não afirma a ocorrência de um milagre em Lourdes apenas por um sentimento ou crença, explicou “Aleteia”.

Previamente Ela submete cada cura apresentada como milagre a uma sequência criteriosa de revisões científicas.

Essas incluem duas instâncias – nacional e internacional – de especialistas ou comissões médicas – sem ligar para a religião – para vasculhar cada alegação de cura inexplicável.

A cura não será declarada canonicamente milagrosa se não tiver passado por estas instâncias num processo que demora alguns anos.

É a tarefa da Comissão Médica Internacional de Lourdes, geralmente chamado “Bureau” que aplica a metodologia usada na investigação científica mais moderna.

Seus membros costumam citar o princípio do professor de hematologia e diretor do Instituto de Leucemia da Universidade de Paris Jean Bernard: “Quem não é científico não é ético”.

Não se trata de cair no cientificismo ou no positivismo por si mesmos, e sim de buscar a verdade com a clara consciência daquilo que a encíclica Fides et Ratio sintetizou:

“A fé e a razão são como as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva à contemplação da verdade”.

O cardeal Prospero Lambertini, posteriormente papa Bento XIV (pontífice de 17 de agosto de 1740 até a morte em 3 de maio de 1758), definiu as características do milagre do ponto de vista médico-científico na “De servorum beatificatione et beatorum canonizatione” (“A beatificação dos servos de Deus e a canonização dos beatos”), livro IV, capítulo VIII, 2-1734.



Nessa obra maestra para as beatificações e canonizações nos bons tempos, ele estabeleceu 7 critérios para reconhecer se uma cura é extraordinária ou inexplicável:

1. A doença deve ter características de gravidade, com prognóstico negativo.
 
2. O diagnóstico real da doença deve ser certo e preciso.

3. A doença deve ser apenas orgânica.
 
4. Eventual tratamento não pode ter favorecido o processo de cura.
 
5. A cura deve ser repentina, inesperada e instantânea.

6. A retomada da normalidade deve ser completa (e sem convalescência).
 
7. A cura deve ser duradoura (sem recaída).

Os 7 critérios do Cardeal Lambertini são válidos até hoje e esclarecem o perfil específico da cura inexplicável.

Eles garantem que toda objeção ou contestação seja levada em ampla consideração antes de se atestar que uma determinada cura foi “não explicável cientificamente”.

Mas o milagre só pode ser proclamado em ato oficial pelo bispo diocesano do miraculado.

Em Lourdes, de 7.200 curas que a ciência declarou inexplicáveis, só 70 foram proclamadas canonicamente como milagres de origem sobrenatural.

O caso mais recente caso é o da irmã Bernadette Moriau, uma religiosa francesa que atualmente tem 79 anos de idade.

Ela não conseguia andar sem ajuda. Peregrinou ao santuário mariano em 2008 e, pouco tempo depois, viu-se perfeitamente recuperada enquanto fazia adoração ao Santíssimo Sacramento.

Cfr: Mais um milagre de Lourdes proclamado oficialmente. É o nº 70

O 69º milagre reconhecido em Lourdes: Danila Castelli

Após 8 anos de avaliações e estudos, os médicos e cientistas reconheceram, em novembro de 2016, que a sua cura é cientificamente inexplicável.

A responsabilidade pelo caso passou então para a Igreja. E a confirmação do milagre foi tornada pública em 11 de fevereiro de 2018, festa de Nossa Senhora de Lourdes e Dia Mundial dos Enfermos.

O mais recente milagre anterior em Lourdes foi o de Danila Castelli. Ela foi curada em 1989.

Mas o anúncio formal da inexplicabilidade científica de sua cura só aconteceu em 2013; portanto, foram 24 anos de estudos e pesquisas, disponíveis para a contestação da comunidade científica.

Cfr: O 69º milagre reconhecido em Lourdes

O primeiro caso reconhecido em Lourdes foi a cura de Catherine Latapie, ocorrida poucos dias depois da primeira aparição de Nossa Senhora em Massabielle.

Cfr.: Curas milagrosas: depoimento do médico responsável de Lourdes (2)

Um caso de impressionar


Soror Luigina Traverso
Um dos casos de cura mais impactantes que passaram pela Comissão Médica Internacional de Lourdes é o da religiosa Luigina Traverso.

Ela foi curada repentinamente de uma lombociática incapacitante de meningocele no dia 23 de julho de 1965, após anos de tratamento médico e várias cirurgias que não tinham dado resultado.

Em 20 de julho de 1965, a irmã viajou até Lourdes em estado grave – aliás, os médicos tinham recomendado que ela não fizesse a peregrinação porque a viagem representava alto risco de morte.

Em 23 de julho, na passagem do Santíssimo Sacramento durante a celebração eucarística, a irmã Luigina relata ter experimentado uma súbita sensação de forte calor e bem-estar, acompanhada pelo “desejo de ficar em pé” – o que era impossível para ela havia meses. De repente, ela recuperou o movimento dos pés e deixou de sentir dor.

Em 24 de julho, acompanhada pela madre superiora, a religiosa caminhou sem ajuda alguma até a gruta de Lourdes para agradecer a Nossa Senhora.

No mesmo dia, participou da via-crúcis dos peregrinos e subiu rezando até a quarta estação – a subida é íngreme. Ao longo dos dias seguintes, a irmã Luigina já estava ajudando a cuidar dos doentes que peregrinavam ao santuário.

Demorou até 2012 para que o milagre fosse reconhecido, cumpridas todas as rígidas etapas de estudos médicos e científicos e, por último, de análise por parte da Igreja.

Cfr.: O milagre de Soror Luigina Traverso

VEJA O QUE ACONTECE EM LOURDES NA PÁGINA ESPECIAL DE VÍDEOS -- CLIQUE AQUI



Acompanhe online o que está acontecendo agora na própria gruta de Lourdes pela Webcam do santuário.

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