Em Lourdes, Nossa Senhora já começou a nos socorrer

Luis Dufaur

Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs

Em 1858, a partir de 11 de fevereiro até 16 de julho, Nossa Senhora apareceu dezoito vezes, em Lourdes, a uma filha do povo, Bernadette Soubirous, declarando ser a Imaculada Conceição.

É a grande festa que a Igreja comemora cada 11 de fevereiro em todos os cantos da Terra.

A partir daquelas aparições, tiveram início os milagres.

A grande maravilha de Lourdes começou então a brilhar aos olhos de todo o mundo, até nossos dias, e continuará brilhando até o fim do mundo.

É um brilho singular que não acontece na matéria, mas é uma luz de esperança e consolação que se acende no fundo de cada alma, especialmente das mais angustiadas.

E tudo começou a bem dizer, com um ato de coragem sobrenatural de um Papa tal vez até agora não suficientemente louvado: o Beato Pio IX.

Enfrentando as ondas da impureza liberal e do laicismo igualitário definiu o dogma da Imaculada Conceição e despertou em grande parte dos fiéis um entusiasmo imenso.

Empolgou ver um Vigário de Jesus Cristo erguer-se na plenitude e na majestade de seu poder, para proclamar um dogma em pleno século XIX, num desafio admiravelmente sobranceiro e arrojado contra o ceticismo triunfante que corroía as entranhas da civilização ocidental preparando o caos atual.

Acresce que esse dogma era marial e anti-igualitário pondo Nossa Senhora acima de todas as criaturas.



Então, rugiram como feras atingidas de morte o liberalismo e o progressismo que trabalham pelo interconfessionalismo dando a entender, ou dizendo rombudamente, que todas as religiões têm uma essência comum e tem um fundo que as torna mais ou menos iguais.

Melhor diríamos como um demônio atingido pela água benta, ou um mouro atingido pela espada sagrada de um Cruzado.

O dogma da Imaculada Conceição chocava a fundo o espírito essencialmente igualitário da Revolução Francesa que, desde 1789 vem reinando despoticamente no Ocidente, agudizado pelo comunismo e pelo comuno-tribalismo.

Ver a Nossa Senhora, uma simples criatura, de tal maneira elevada sobre todas as outras, por um privilégio inestimável, concedido no primeiro instante de seu ser, é coisa que não podia nem pode deixar de doer aos filhos da Revolução.

Essa Revolução soprada por Satanás proclama a igualdade absoluta dos homens como princípio de toda ordem, de toda justiça e de todo bem.

Porém, de nada adiantaram essa revolta e esses sofismas.

Nosso Senhor Jesus Cristo quis dar uma estrondosa confirmação ao dogma pontifício que glorifica sua Mãe Santíssima.

Então fez o que nunca antes se viu: instalou no mundo o milagre por assim dizer em série e a título permanente, pelas mãos de sua Mãe Virginal.

Em Lourdes, as curas mais comprovadas cientificamente e de origem mais autenticamente sobrenatural se dão, há cem anos, a jato contínuo para um século confuso e desnorteado.

Essas curas somam mais de sete mil casos que a ciência declarou humanamente inexplicáveis após longos e demorados processos de análise e crítica.

Muitos mais numerosos são os casos da percepção interior profunda dessa luz que afaga e consola, que atrai e empolga, de que falávamos no início.

Quantos serão? Seria mais prudente falar em milhões, tal vez de dezenas ou centenas de milhões de romeiros que foram a Lourdes precisamente à procura dessa luz, ou voz interior.

E quantos foram nem suspeitando que haveriam de vivencia-la e voltaram encantados? Não sabemos.

Uns ganharam milagres, são os menos numerosos. Outros ganharam essa consolação e são os mais numerosos.

Com milagre ou sem milagre todos os que foram a Lourdes – ou que, constrangidos pela limitação de recursos só puderam ir até a réplica da gruta de Lourdes numa igreja, capela ou pobre oratório – todos esses jamais esquecerão.

E essa suave lembrança, que é sobrenatural, não se apagará mais.

Por que Deus age assim por meio de sua Mãe? O que Ele visará?

O futuro, só Deus o conhece. A nós, homens, é lícito, entretanto conjeturá-lo segundo as regras da verossimilhança.

Estamos vivendo uma terrível hora de castigos: basta olhar em torno de nós, é sofrimento por toda parte.

Mas essa hora também pode ser uma admirável hora de misericórdia. A condição é que olhemos para Maria, a Estrela do Mar, que nos guia em meio às tempestades.

Durante cem anos, movida de compaixão para com a humanidade pecadora, Nossa Senhora tem alcançado para nós os mais estupendos milagres.

Esta piedade se terá extinguido?

Tem fim as misericórdias de uma Mãe, e da melhor das mães?

Quem ousaria afirmá-lo? Se alguém duvidasse, Lourdes lhe serviria de admirável lição de confiança.

Nossa Senhora há de nos socorrer.

Aliás, Ela já começou a nos socorrer.

Em Fátima. Nossa Senhora delineou perfeitamente a alternativa. Ou nos convertemos, ou um tremendo castigo virá. Mas, no fim, o Reinado do Imaculado Coração se estabelecerá no mundo.

Em outros termos, de qualquer maneira, com mais ou com menos sofrimentos para os homens, o Coração de Maria triunfará.

O que quer dizer, afinal, que os dias do domínio da impiedade estão contados.

Nossa Senhora em Lourdes confirmando a definição do dogma da Imaculada Conceição marcou o início de uma sucessão de fatos que conduzirá ao Reinado de Maria.

E em cada alma deposita uma gotinha de luz que nos faz degustar esse Reinado. 

Qual é essa gotinha de luz?

É a luz que se acende nas almas em Lourdes – na Franca ou em qualquer gruta de Lourdes esquecida do mundo –, que consola, dá força nas adversidades – nas corriqueiras e nas imensas – e que com lágrimas nos olhos nos leva a escrever mais uma vez:

“Ela já começou a nos socorrer”.

O corpo incorrupto de Santa Bernadette Soubirous

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