Pe. Anderson e Dr. Adolpho Lindenberg, presidente do Instituto |
1917. Em Fátima – já não mais na França — mas em Portugal, no canto mais remoto do continente europeu depois do qual só tem o oceano, Nossa Senhora voltou a falar para a humanidade na beira do abismo final.
E o fez muito claramente, como uma mãe que diz ao filho: “Você não quis ouvir, eis o que virá se não fizeres penitência: ‘o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, a Rússia espalhará seus erros pelo mundo — são os erros do comunismo’”.
E como das outras vezes, o filho ouviu com meia orelha e não voltou atrás...
* * *
Prometi voltar ao mistério que está trabalhando em Lourdes.
Em Lourdes, 154 anos depois das aparições, o trabalho da Mãe de Deus no fundo do coração dos filhos pecadores prossegue mais intenso do que nunca.
É um trabalho visando a curar as feridas abertas nas almas após séculos de revolução, de caos e desfazimento social, familiar, psicológico e individual.
A experiência desta cura específica das almas é a explicação mais profunda para essas multidões que retornam de Lourdes com a sensação espiritual, intima, interior de terem sido ouvidas.
* * *
Pode-se objetar que tudo isso é uma invenção. Palavras, intenções, talvez boas para comemorar mais um aniversário. E mais nada. Na vida quotidiana, na mediocridade da rotina de todos os dias, nada vai mudar. Todos continuarão a sua vida insípida e quase sem esperança.
Permiti-me ler, como um “testemunho”, trechos da homilia de Sua Eminência o Cardeal Ivan Dias, na ocasião Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos e Legado Pontifício no Ano jubilar de Lourdes, aberto em 8 de dezembro de 2007.
O Legado papal indagou primeiramente “qual seria o significado da mensagem de Nossa Senhora de Lourdes para nós hoje”.
E respondeu: “Eu gosto de situar essas aparições no contexto mais amplo da luta permanente e feroz existente entre as forças do bem e as do mal desde o início da História da humanidade no Jardim do Paraíso, e que prosseguirá até o fim dos tempos. Com efeito, as aparições de Lourdes estão entre as primeiras da longa cadeia de aparições de Nossa Senhora, começada 28 anos antes, em 1830, na Rue du Bac, em Paris, anunciando a entrada decisiva da Virgem Maria no centro das hostilidades entre Ela e o demônio, como está escrito na Bíblia, nos livros do Gênesis e do Apocalipse.”
Há vários pontos a sublinhar nas palavras do Cardeal Dias.
Primeiro, a ideia que eu já mencionei: estamos diante uma “longa cadeia de aparições de Nossa Senhora, começada 28 anos antes, em 1830, na Rue du Bac, em Paris”. Elas não são ocorrências isoladas, mas devem ser lidas como capítulos de um mesmo livro.
Em segundo lugar, essas aparições fazem parte do “contexto mais amplo da luta permanente e feroz — ainda é o presidente da Congregação para a Evangelização dos Povos que eu leio — entre as forças do bem e as do mal desde o início da História da humanidade (...) como está escrito na Bíblia, nos livros do Gênesis e do Apocalipse".
Em terceiro lugar, o Legado papal sublinhou que o escopo desta cadeia de aparições prenuncia “a entrada decisiva da Virgem Maria no centro das hostilidades entre Ela e o demônio”.
Ele disse “no centro das hostilidades entre Ela e o demônio” no presente. Isto é, no grande conflito que opõe os filhos de Nossa Senhora aos sequazes de Satanás, a Revolução e a Contra-Revolução. Um conflito no qual o universo inteiro – gostemos ou não — está envolvido. E, nós, portanto estamos engajados também.
“Depois das aparições de Lourdes – prossigo lendo a homilia do Jubileu de Lourdes – Nossa Senhora pediu preces e penitência pela conversão dos pecadores, pois previa a ruína espiritual de certos países, os sofrimentos que o Santo Padre teria de suportar, o enfraquecimento geral da fé cristã, as dificuldades da Igreja, a escalada do Anticristo e suas tentativas de substituir Deus na via dos homens: tentativas que, apesar de seus êxitos espetaculares, estariam, entretanto, destinadas ao fracasso.”
Esta é a essência da Mensagem de Fátima. Fátima é o último elo da série de aparições de que temos falado, a chamada final.
Mas podemos perguntar: quem somos nós para lidar com um inimigo que se apresenta formidável, difuso pelo mundo inteiro e servido pelas forças que realizam a obra da Revolução e do inferno?
A tal respeito, a homilia do Legado papal foi muito clara: a Virgem Maria apareceu em Lourdes para dar início à batalha final contra o poder das trevas no mundo.
Leio as palavras do cardeal: “Aqui em Lourdes, a Virgem Maria vai tecendo uma imensa rede de seus filhos e filhas espirituais em toda a Terra, para lançar uma forte ofensiva contra as forças de Satanás, encadeá-lo e preparar, assim, a vitória final de seu Divino Filho, Jesus Cristo.”
Todos somos chamados a fazer parte dessa rede querida por Nossa Senhora para a vitória final de Nosso Senhor Jesus Cristo.
“A Virgem Maria convida-nos hoje, uma vez mais, a fazer parte de sua legião de combate contra as forças do mal. Como sinal de nossa participação em sua ofensiva, Ela nos pede, entre outras coisas, a conversão do coração, uma grande devoção à Sagrada Eucaristia, a recitação cotidiana do Rosário, a prece incessante e sem hipocrisia, a aceitação dos sofrimentos pela salvação do mundo. Pode parecer que essas são pequenas coisas, mas elas são poderosas nas mãos de Deus, a Quem nada é impossível. Como o jovem -Davi — o qual, com uma pequena pedra e uma funda, abateu o gigante Golias que vinha a seu encontro armado de uma espada, uma lança e um dardo (cf. 1 Sam 17, 4-51) — também nós, com as pequenas contas de nosso Rosário, poderemos enfrentar heroicamente os assaltos de nosso temível adversário e vencê-lo.”
“A luta entre Deus e Seu inimigo trava-se com ímpetos de violência, hoje mais ainda do que no tempo de Bernadette, há 150 anos” – acrescentou o cardeal Dias.
“Encontramo-nos hoje em face do maior combate que a humanidade tenha jamais visto. Não penso que a comunidade cristã o tenha compreendido totalmente. Estamos hoje ante a luta final entre a Igreja e a anti-Igreja, entre o Evangelho e o anti-Evangelho” – dizia o então Cardeal Karol Wojtyla.
Para terminar, eu ainda leria o parágrafo final da homilia do Cardeal Dias: “Uma coisa, porém, é certa: a vitória final é de Deus e será obtida graças a Maria, a Mulher do Gênesis e do Apocalipse, que combaterá à frente do exército de seus filhos e filhas contra as forças inimigas de Satanás, esmagando a cabeça da serpente.”
Nesta luta todos nós estamos engajados. É a luta do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, representado aqui pelo seu presidente, Dr. Adolpho Lindenberg, e pelos seus diretores.
Uma luta na qual entramos cheios de confiança, de uma confiança que brota de uma certeza teológica meticulosamente desenvolvida, logicamente fundamentada e categoricamente concluída.
Sobretudo, uma confiança baseada nas promessas da Rainha do Céu e da Terra, promessas renovadas incessantemente em Lourdes com essa torrente – poder-se-ia dizer esse dilúvio – de graças que Nossa Senhora derrama em Lourdes.
A rede da vitória final está sendo tecida.
Sim, no próprio momento em que estamos reunidos aqui em São Paulo; neste mesmo momento em que outros devotos de Nossa Senhora se congregam diante das reproduções da Gruta de Lourdes erguidas pelo mundo todo – talvez na semiclandestinidade e sob a perseguição anticristã na China ou no mundo islâmico; neste mesmo momento em que milhões de medalhas milagrosas estão sendo distribuídas e usadas até mesmo por pessoas que são fracas; neste momento Nossa Senhora está tocando o fundo dos corações e tecendo com uma sabedoria que vai muito além de nosso pobre intelecto humano, a rede que vai derrotar o Colosso de impiedade moderna e conduzir ao triunfo de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra.
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